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CHAPA 7|”Transumâncias Groove” – Uxu Kalhus

Rui DinisRui Dinis
Depois da festejada “Revolta dos Badalos” (Hepta Trad, 2006), chega agora a vez de “Transumâncias Groove”. Viva pois o folc subversivo dos Uxu Kalhus. Eis o ‘chapa 7’ de “Transumâncias Groove”:

1. Numa frase apenas – ou duas – como caracterizam conceptualmente o álbum “Transumâncias Groove”?
É um convite à viagem, onde as Transumâncias em busca de melhores prados se fazem no espaço (da Índia à America Latina, de Trás os Montes ao Sul de Itália), no tempo (recuperando danças de antanho e reinventando modinhas de antigamente) e nos estilos (do Folk ao Rock, do Barroco ao Hip hop, do Funk ao tradicional puro e duro). É mais um passo na autodeterminação do nosso Folk, assumindo por completo o desafio de fazer algo completamente distinto do Folk Francês, Irlandês ou Europeu.

2. “Transumâncias Groove” é um disco de ‘viragem’ ou um disco de ‘continuidade’, em relação ao vosso anterior registo? Que principais diferenças encontram?
Mudança na continuidade; assumimos a nossa origem nos bailes de “danças Europeias”, com um circulo, uma chapelloise e uma mazurca “francesa” mas aprofundamos a reinvenção das nossas raízes, compondo danças como o Vira, o Corridinho ou as Saias. Neste CD assumimos ainda mais a fusão que já caracterizava a “Revolta dos Badalos”, transferindo para a rodela influências de um mundo contemporâneo cada vez mais globalizado. O CD é claramente o resultado da evolução do grupo, e dado o processo de criação (colectivo e absolutamente participativo), resulta da cumplicidade de mais 100 concertos/bailes que fizemos desde o lançamento do 1º CD (fim de 2006). A produção deste 2º CD a cargo de Marco Jung (Marduc studios) contribui em muito para a qualidade deste trabalho, sendo a identidade sonora do mesmo resultado da sua interacção com Uxu Kalhus. O baile continua a ser a fonte de inspiração para o alinhamento obtido, mas claramente a música tem um lugar de grande primazia. Este 2º Cd é por isso autónomo das danças, podendo ser dançado (claro) mas podendo ser ouvido, em concerto ou no aconchego do lar.

3. Este foi um disco feito a pensar no público que vos ouve? Que expectativas têm em relação à sua aceitação?
O CD continua a ser bailavel, mas queremos também ter autonomia total em concerto. Esperamos por isso ter uma maior aceitação e chegar a mais públicos. Acreditamos que o nicho de mercado para um Folk moderno e desempoeirado está ainda longe de estar saturado. Se olharmos para os outros países vemos exactamente isso, que a música dita Folk tem um segmento de mercado muito importante (com publicações regulares como Folk Roots ou Trad Magazine) ao passo que em Portugal esse segmento está ainda muito incipiente. Por isso acreditamos que se tivermos alguma visibilidade poderemos ter mais público a ir aos concertos/bailes, a comprar os CD’s, e mais meios (difusão, promoção) a promover e incentivar a música Folk portuguesa (moderna).

4. Que sensações esperam que as pessoas retirem da audição do novo disco?
Provavelmente a principal característica do CD é a diversidade; por isso esperamos que as pessoas se surpreendam a cada música, e viagem connosco por latitudes e longitudes improváveis. Outra coisa que concerteza irá acontecer é descobrir a cada audição novos detalhes e de audição em audição ir desvendando um CD ligeiramente complexo, muito modal. Transumâncias Groove é para consumir com moderação, lentamente, tipo “slow food” musical.

5. Se tivessem que escolher a faixa que melhor encarna o espírito do novo disco, qual escolheriam? Porquê, mais sucintamente?
Complicado, dada a diversidade do mesmo. A saia da Carolina, pela volta que demos a uma música muito conhecida; o Círculo pela modernidade e complexidade musical; o Corridinho pelos micro-detalhes e inovação na composição; o Legaliza Malaquias pela simplicidade e força da letra….

6. O que podem esperar as pessoas que vos forem ver ao vivo?
Cada baile/concerto é um acontecimento absolutamente único, com alguma loucura, muita honestidade, total espontaneidade, sem filtros nem artificialismos, com a energia a transbordar do palco e a contagiar o público. Quem gostar do CD de certeza que não ficará decepcionado com a nossa prestação ao vivo. Claro que não esperem que toquemos exactamente o que está no CD… Tirando os show cases (que tocamos pouquinho tempo) podem esperar sempre bailes/concertos de mais de 2 horas, com temas dos dois CD’s, outros temas que já estamos a trabalhar, e muita improvisação.

7. Como vai ser o futuro próximo de Uxu Kalhus?
O futuro d’Uxu Kalhus passa pela consolidação do grupo, tocar mais e melhor, evoluir sempre, conseguir internacionalizar a distribuição do CD e do grupo. Este ano iremos à Polónia, França e Galiza, e esperamos superar os 100 concertos/bailes feitos com a Revolta dos Badalos com estas Transumâncias.

som Uxu Kalhus


“Transumâncias Groove” – Uxu Kalhus (Edição de Autor, 2009)

tipo Folk
sítio www.uxukalhus.net
sítio uxukalhus.blogspot.com
sítio twitter.com/uxukalhus

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.