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[curtas] Afonso Pais apresenta-nos “Terra Concreta”

Rui DinisRui Dinis

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Novo, fresco e interessante, editado há dias, “Terra Concreta” é o novo projecto em disco de Afonso Pais.

Numa frase apenas, o que é a Terra Concreta?
Terra Concreta é o triângulo musical formado por mim, autor das composições e algumas letras, os meus convidados e convidadas para os Duos que constam no disco, e o grande mote de inspiração e deste disco: a influência e participação da Natureza nas gravações.

Um adjectivo que caracterize a música de “Terra Concreta”?
Tempestiva.

Porquê o título de “Terra Concreta” para o novo disco?
Por ser unificado, subsequente, concreto e resultante de um regresso ao mais atávico, ligando a criatividade à sua própria origem, que é o meio natural e a sua integração na nossa existência.

Em duas ou três linhas, como se caracterizaria o novo disco?
É uma viagem pelas nossas reservas naturais (e uma na ilha do Bornéu), narrada musicalmente por um enredo que interliga os espaços às canções, os intervenientes às interpretações no local e no momento, e o imaginário colectivo à sugestão de uma viagem a seguir, proposta pela minha perspectiva artística.

Qual a faixa que melhor encarna o ‘espírito’ de “Terra Concreta”? Porquê?
Tenho de dizer que a sucessão de temas e sons naturais presente na colecção de temas do disco perfaz a estória. Quis porém que cada pessoa ou potencial ouvinte pudesse entrar no universo de cada canção, de forma a nomear a sua favorita. Como foram gravadas em espaços diferentes, com instrumentações distintas e sons naturais tão distintos, coube a cada composição o seu lugar na minha estima, mas só a sua sucessão conta a viagem que pretendo apresentar.

Uma razão muito forte para ouvir o novo disco?
Que eu saiba, nenhum outro projecto com estes contornos foi assumido discográficamente, até agora. Só muito recentemente existe tecnologia que permita registar com fidelidade e nestas circunstâncias a música no meio natural, sem geradores e com a mínima interferência possível no local de gravações. Em segundo lugar, fui sempre tão apaixonado pela Natureza quanto sou pela Música, e antes de qualquer aventura conceptual, este disco representa a minha entrega à causa de trazer a música e o lugar natural ao ouvinte, numa só lufada, sem compromissos ou preocupações de ordem técnica: tudo o que se ouve é fruto do que aconteceu, sem edições… irrepetível.

O que esperar de “Terra Concreta” ao vivo?
Não tenho a pressão ou expectativa de apresentar o disco acto contínuo no seguimento da edição em CD, ao contrário do que vem sendo apanágio da herança que nos chega de uma pesada indústria musical com tradição de trabalhos de desgaste rápido e de cariz profuso e efémero. Este é um trabalho discográfico, claro, mas não se esgota nas canções que o conduzem nem se revê na venda desenfreada de actuações e CD´s. “Terra Concreta” é um cartão de visita, uma forma de expor a música e criatividade a novas premissas, um registo “on-going”, que vou querer continuar sob a forma de novas intervenções na natureza que disponibilizarei on-line ao longo de futuros trabalhos discográficos e do meu percurso, dos quais este CD é um primeiro marco e representação física de viabilidade e bom presságio. Tenho no entanto o desejo de tranquilamente ir encontrando contextos ou iniciativas que possam acolher sem compromissos para nenhuma das partes esta forma tão completa e completamente simples de trazer a natureza e a música às pessoas. Como exemplo disto, destaco uma actuação que fiz com este repertório num passado recente: o dia da Biodiversidade, tendo como pano de fundo Lisboa, no Anfiteatro Keil do Amaral em Monsanto. (junto fotografia)

Como vão ser os próximos tempos de “Terra Concreta”?
Como disse na resposta anterior, procurarei descobrir com a tranquilidade necessária as circunstâncias que me permitam trazer esta música às pessoas, sem transverter esta ideia numa outra que encaixe de forma forçada nos moldes habituais de promoção que a indústria musical propõe tão inflexivelmente.

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.