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No Verão com Peste e Sida

Rui DinisRui Dinis

Palavras para quê, são os Peste & Sida. Em ano de celebração dos 25 anos de carreira, “Não há Crise” (Raging Planet, 2011) marca o regresso aos discos do trio lisboeta. João San Payo (baixo e voz) respondeu ao nosso desafio:

Porquê e como nasceu o nome Peste & Sida?
Peste & Sida foi fruto do jogo que eu e o João Pedro Almendra desencadeámos quando começámos a sugerir nomes para a banda. Estávamos na praia da Fonte da Telha sob um céu estrelado porque foi para aí que decidimos ir passar a noite, na ressaca da nossa segunda apresentação ao vivo (no coreto de Sacavém). E foi aí que tudo se passou de forma espontânea, palavra-puxa-palavra, até chegarmos a este nome de duplo sentido. Acabámos por adoptar o “Peste & Sida” (que a principio não foi totalmente consensual) porque por um lado era apenas um jogo de palavras com alguma graça e por outro lado era muito ousado para a época ao fazer referência à sida (em 1986 era um assunto tabú, pouco se sabia e quanto menos se falasse melhor). Esta carga de diversão, ousadia e ambiguidade no duplo sentido que o nome da banda transmite é sem dúvida o nosso melhor cartão de visita de sempre. Foi uma escolha feliz porque são estas características que definem a nossa música e as nossas letras sarcásticas, irónicas, interventivas e nalguns casos ambíguas também desde 1986 até aos dias de hoje.

O que move os Peste & Sida?
Em última análise, o que nos move ao fim destes 25 anos de existência é a enorme legião de fãs que nos continua a seguir. Habituámo-nos a conviver com esta enorme família Peste & Sida que nos continua a solicitar para fazer mais música e dar mais concertos. E como é isso que nos valoriza porque é só isso que nós sabemos fazer cá estaremos enquanto assim for. Costumamos dizer entre nós que para ter problemas e dores de cabeça a última coisa que precisamos é uma banda. Peste & Sida para nós também tem uma vertente de terapia de grupo, dá-nos espaço para descomprimir da tensão quotidiana.

Um adjectivo que vos caracterize como banda?
Coerentes.

Numa frase apenas, como caracterizam o novo disco?
“Não Há Crise” é (com o anterior “Caí no Real”) um espelho da boa forma que os Peste & Sida estão a atravessar porque concilia toda a experiência e técnica adquirida ao longo dos anos com a criação espontânea que nos marca e que nos deu as nossas melhores faixas, só tendo comparação com os nossos dois primeiros álbuns (“Veneno” e “Portem-se Bem”). Sem renegar os outros álbuns de Peste & Sida nem fazendo deles filhos menores estes quatro álbuns (os dois primeiros e os dois últimos até ao momento) são os que reflectem os Peste & Sida no seu melhor, com os elementos da formação bem unidos e em sintonia.

Se tivessem de escolher a faixa que melhor encarna o ‘espírito’ dos Peste & Sida, qual escolheriam? E porquê?
Não consigo escolher só uma, se escolhesse uma só não conseguiria justificar. O ecletismo foi um caminho que seguimos para não ficarmos fechados no báu. Daí a variedade de ritmos e sonoridades diferentes que gostamos de fazer: Veneno, Furo na Cabeça, Está na tua mão, Família em Stress, Vamos ao trabalho, Funky Riot, Cai no Real, A História é Velha, Tu és só mais um, Estrela da TV… uma paleta tão colorida mas sempre com o mesmo denominador comum – rock Peste & Sida!

Apontem duas razões para ouvir – quiçá comprar – o vosso novo disco?
Primeira razão: Porque é Peste & Sida genuíno, carago! Segunda razão: O arranjo gráfico está tão bom ou melhor que a música e se sacarem da net não o vão ter!

Querem propor um disco da música portuguesa que vos tenha agradado nos últimos tempos – o vosso não vale?
Na tradicional recomendo o último dos Galandum Galandaina, no Jazz recomendo o novo Lume.

Para os Peste & Sida a Internet é…
É o mundo todo ao alcance do clique de um botão, é toda (ou quase toda) a informação para todos (ou quase todos).

Há quem insista que o rock morreu. Morreu ou não?
Hey Hey, My My…, Neil Young!

Como vai ser o resto do Verão para os Peste & Sida?
Quente, a escaldar! Apesar da situação económica em que o país se encontra “Não Há Crise!” com os Peste & Sida.

Ouvir Peste & Sida

foto de peste & sida

| ROCK | PUNK |
www.pestenanet.com
www.ragingplanet.web.pt

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.