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“Andar Perdido é uma Conversa” de Matilha

Rui DinisRui Dinis

Chama-se “Andar Perdido é uma Conversa” e é o álbum de estreia da Matilha, projecto de Né (voz), Indy (teclas), Patrão (baixo) e Ozzy (bateria). Sobre o disco, o grupo tem algo mais para nos dizer; faixa a faixa:

01 Andar Perdido – Este tema foi o escolhido para single de apresentação do álbum, e como tal, teve direito a videoclip realizado pelo Manuel Bello Lino, como vem sendo hábito. Representa a nossa forma de assistir à inércia e justificar os “nãos” com conversas. Às vezes, andar perdido é mesmo uma conversa…

02 Eles – Esta é uma canção dedicada a eles; a todos eles; aos que não nos sentem.

03 Nuvem 7 Bordeaux – Com esta canção assumimos que o chão de uns é o céu de outros. É um grito de revolta que se sente quando a esperança escorrega lentamente por entre os dedos sem que a consigamos agarrar.

04 Anjo Negro – É um dos temas mais antigos da Matilha, e dos poucos que não foram escritos propositadamente para o disco. Diz que as energias negativas atraem semelhantes, contrariando as Leis da Física, mas comprovando o senso comum. Quanto ao Anjo, escolhemos nós descer com ele, de mãos dadas, juntos numa espiral negativa. “Mantém os teus amigos perto, mas os inimigos mais perto…”

05 Ódio de Estimação – Esta canção resulta de um pensamento introspectivo de um para si mesmo; tudo se mantém, muda a perspectiva, e com isso tudo muda. Ou será que não? O contraste de ambientes foi construído com a ajuda de músicos amigos (Tiago Luís dos 6ºA no acordeão, João Graça e João Novais dos Melech Mechaya no violino e violoncelo com arco, respectivamente) e a produção do Makoto e Fábio Jevelim, à custa de quilos de brita. É para nós um tema libertador.

06 Piéce de Resistence – É daquelas canções que nos fazem sentir cansados; como quando se atravessa a ponte no fim de um dia de trabalho árduo e se cheira a casa; como quando se entra e se tira o casaco para depositarmos os restos mortais no velho sofá, onde queremos apreciar um tinto e um dos discos preferidos mas adormecemos antes…

07 Só Mais Uma Vez – A par do “Anjo Negro”, é outro dos temas mais antigos da Matilha e tem uma particularidade: é o único tema onde se ouvem guitarras, fruto da participação de João Guincho e Paulo Franco, dos Dias de Raiva. É a personificação da Mentira; o Vício entranhado; a Raiva por gostar de se cair.

08 Feto – Esta é uma das canções que mais gostamos de tocar. É um tema dedicado a quem define o título. É o instinto animal de protecção da ninhada, a psicose em forma de colo. Mais uma vez contámos com músicos amigos para conseguirmos a luz sombria que se sente no tema.

09 Ausentes – É o instrumental do álbum, e um dos temas que mais trabalho deu em termos de produção. A quantidade certa de indefinição numa mescla de ambientes, o crescer de intensidade para o culminar de uma explosão de sentimentos. Somos nós, a Matilha, ausentes.

10 A Manuela Deixou de Aparecer – Este tema nasceu por geração espontânea. Ao contrário dos outros, a letra é da responsabilidade do Né, que pôs em papel um sonho menos bom; a música é um devaneio improvisado entre o Indy e o José Valério no saxofone. Contou com a participação vocal do Bibi (Men Eater) que incorporou uma viúva de um pescador chamado Toino. Há ainda um instrumento musical, feito por nós, que baptizámos de “Sinimini”.

11 O Resto da Música – É, de facto, o resto da música (anterior). É a mesma mensagem, contada ainda na primeira pessoa, com música ambiente -um turbilhão de culpas e falta delas. O sentimento de libertação de terceiros visto por quem tem nas mãos a capacidade de decidir. E decide-o, de facto. O José Valério fez o favor de nos gravar 3 ou 4 takes de improviso com o saxofone, deixando-nos a difícil tarefa de preencher os espaços com o que gostássemos mais. Não fomos capazes de escolher – estão lá todos.

Ouvir Matilha

capa de Andar Perdido é uma Conversa
Matilha – “Andar Perdido é uma Conversa” (MAR, 2011)

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Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.