Blá Blá Blá em “O meu nome é todas as palavras que conheces”

Não se passa indiferente por um tema como “Casulo”. Eu não passei.
Quem vive, nos dias de hoje, a moderna música nacional com alguma intensidade, neste caso a que se expressa em português, sabe que os tempos são de mudança; pelo menos de agitação. Quem vive esses dias com os pés bem assentes na terra, sabe também que tal facto não significa que a cada esquina espreitem uns Arctic Monkeys, uns Arcade Fire ou outros que tais – independentemente de achar que somos sempre muito mais exigentes com os nossos do que com os que nos chegam de fora. Muito longe disso; significa apenas que o rock alternativo nacional respira pelos dias de hoje de uma forma bem saudável; primeiro, porque vive bem consigo mesmo e depois, porque consegue tocar emocionalmente quem vive do lado de lá; do lado de cá. Pois bem, os Blá Blá Blá são mais um desses casos; de casos vários, uns mais badalados que outros mas que na sua completude, vão fazendo despertar um rock em português tantas vezes perdido na sua própria letargia.
Prémio pela vitória no Festival Prorock, decorrido em Valado dos Frades (Nazaré), o EP “O meu nome é todas as palavras que conheces” emana uma energia muito positiva. Cheio de tensões e sem especiais malabarismos – talvez referir o interessante saxofone, o EP de estreia dos Blá Blá Blá vive de um fulgor jovem e absoluto, de um rock insinuante feito de palavras sentidas; palavras emocionadas. Sem ser sequer um disco definitivo, longe disso, e sofrendo até de algum desequilíbrio entre as várias faixas, temas como “Casulo”, “Revista Cor-de-rosa” ou o tema que dá título ao EP, servem sem dúvida para perceber que novos sons vão desabrochando no seio do rock nacional; eléctrico. São novos sons construídos com paixão, seriedade e muita humildade.
Bom arranque; em repeat!

Ouvir Blá Blá Blá

“O meu nome é todas as palavras que conheces” – Blá Blá Blá (Edição de Autor, 2010)