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Cavalheiro sobre “Trégua”, faixa a faixa

Rui DinisRui Dinis

tregua

Chama-se “Trégua” (PAD, 2013) e é o novo EP de Cavalheiro. Eis a visão de Tiago Ferreira sobre o disco; é o Cavalheiro, ele próprio:

Cedo
Passo muito tempo a tocar a “Mind Games” do Lennon, e a progressão de acordes é vagamente circular, o que sempre me fascinou. Nesta música tentei fazer o mesmo e gravei a demo em cima de um beat que tirei de uma coletânea da Motown, tendo resultado em algo bastante longínquo das respectivas origens. Gosto muito do solo final do Maroto (João Gonçalves), dá-lhe um perfume de Dire Straits que parecendo descabido, não o é.

Talvez
Estava sentado no sofá com a minha esposa quando a melodia desta música me ocorreu, como um todo e claramente na minha cabeça. Registei-a de imediato sem saber muito bem o que fazer com ela, até me ter apercebido que a podia tornar numa balada romântica, e a fui guiando nessa direcção. Sofrida como é, pareceu-me ideal para ser uma canção de súplica, e assim acabou por ser.

Walker
Inicialmente esta Walker era uma canção bem mais modesta, a produção agigantou-a para outros níveis. Escrevi-a numa altura em que andava a ouvir Walker Brothers em loop e estava a procurar uma canção que conseguisse ser simples mas grandiosa ao mesmo tempo. A letra fala de uma amiga minha que toma sempre as piores opções quando acaba um relacionamento.

Família Feliz
É a canção mais em linha com o título do EP. É uma música de paz e sossego, de estar resolvido com muitas coisas para poder usufruir de outras tantas. Tal como a Walker, sofreu uma mutação enorme desde a primeira demo, e esteve quase para não fazer parte do alinhamento final. Ainda bem que sobreviveu, pois é agora, de todas as músicas que já escrevi, uma das minhas favoritas.

Mistral
Foi a última canção do EP a estar pronta porque teve várias encarnações. Soube o que queria fazer com ela depois de uma viagem a Marselha em que vi, a meio da noite, o vento Mistral levantar no ar tudo que não tinha peso suficiente para ficar colado ao chão. É exactamente a isso que alude a progressão final, a um cenário de paz que é progressivamente perturbado. [ALTERNATIVA| OUVIR]

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.