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Em directo com OliveTreeDance, sobre “Symbology”

Rui DinisRui Dinis

symbology

Com o novo e original disco nos escaparates, a trompa quis saber um pouco mais como é esse novo disco e como vão ser os próximos tempos dos OliveTreeDance.

O álbum de estreia “Didj Dance All Beauty” foi lançado 2010. Daí para cá, já se passaram sensivelmente 4 anos. O que mudou nos OliveTreeDance, enquanto músicos e pessoas?
Emocionalmente vivemos de forma mais profunda o que tocamos e estamos mais unidos no princípio que originou esta composição. Ganhamos ao mesmo tempo mais independência e tempo para amadurecer os caminhos e traçar vectores que condizem com a nossa personalidade. Embora mais experientes com o poder da indústria e do nosso público, sentimos mais humildade com a mensagem que estamos a transportar.

Dia 14 de Maio foi lançado o novo álbum “Symbology”; conseguem perceber se há diferenças de um disco para o outro? este é um disco de ruptura ou é um disco de continuidade? Porquê?
Passados 4 anos de DIDJ(ERIDOO) DANCE ALL BEAUTY!, em que criamos uns pop-ups na capa do disco volta a inovar e a trazer algo de inspirador neste segundo álbum de originais. Desta vez, inventamos um jogo não competitivo que origina as interacções galácticas entre os jogadores.
Musicalmente existe inovações importantes nomeadamente a nível melódico. A introdução da linguagem clássica com o vibrafone e da linguagem tribal africana com o balafone confere a SYMBOLOGY uma nova sonoridade com atmosferas mais amadurecidas, coloridas e sobretudo mais harmónicas. Nota-se a evolução da banda na forma como organizam os arranjos e na intrusão de melodias suaves com ritmos rápidos e complexos criando vários efeitos surpresa ao longo do set. O didgeridoo, neste disco, consegue criar mais ambientes distintos e vai muito além do previsível. Leva me a sugerir que existe continuidade enquanto acreditarmos que temos campos da musica que ainda nao foram explorados e que nós temos desempenhos importantes nesse sentido, não obstante sermos ou não comerciais ao ponto de tocarmos em playlist nas rádios nacionais.

Este disco veio envolto num conceito muito original. Um disco que é também um jogo. Como surgiu a ideia e qual o objectivo?
As ligações das palavras às coisas podem ser observadas de forma quântica e o resultados podem ser vistos com as devidas ferramentas. Está provado que a energia fica gravada nas coisas.
A Onda Encantada segundo o calendário Maya é uma medida de 13 unidades que representa um ciclo desde o micro ao macro. Eles utilizavam cada nível da Onda Encantada para se consciencializarem da sua evolução espiritual e se dedicarem à sua vida segundo essa matriz. Nesse sentido, esta era uma ferramenta para trabalhar a sua espiritualidade activando uma consciência sobre o que desenvolver a nível pessoal.
Cada um destes níveis é um TOM GALÁCTICO que por sua vez tem uma característica, uma ideia para alimentar o pensamento e leva-la a acção. Desta feita, cada musica foi concebida segundo a característica de cada tom galáctico.
A ideia do jogo surge porque as pessoas com quem trabalhamos têm imensas habilidades e interesses distintos. Somos gratos de nos rodearmos de pessoas altamente competentes que enfrentam connosco o quão complexo pode ser levar mais uma das nossas ideias mirabolantes à realidade concreta e exequível financeiramente. O espírito desta composição é todo ele simbologia e com isto pode-se inventar muitos jogos de tabuleiro. Difícil é simplificar e ao mesmo tempo acertar as dinâmicas de tensão que um jogo atractivo deve ter.
O objectivo deste jogo é ter uma fórmula especial de focar a atenção para as frequências e significado que cada palavra do nosso repertório transporta, seja de forma individual ou em grupo. Portanto, embora não competitivo, o jogo SYMBOLOGY tem uma faixa sonora correspondente a cada ronda do ciclo da Onda Encantada

olivetreedance

Podem explicar em três ou quatro frases como é a dinâmica do jogo/disco?
Jogar symbology não requer nenhum conhecimento prévio do calendário maya. Neste jogo já vem inscrita a fórmula para apurar o seu kin e assim saber qual é a sua Onda Encantada e desta forma começar a jogar com o marcador em cima do selo correspondente.
O objectivo do jogo é sincronizar o tempo de forma a que ele não chegue ao final da linha antes dos jogadores completarem um ciclo de 13 rondas.
Depois, no tabuleiro vem 4 partes a saber:
1 – o círculo dos portais e dos selos galácticos onde os jogadores vão rodar o marcador branco a cada jogada e ter acesso à energia e a poderes.
2 – o nível de energia que é o recurso que existe para despender em cada jogada.
3 – o nível dos poderes que é a forma com que os jogadores têm acesso aos portais que permitem exercer grande influência sobre a velocidade do tempo.
4 – a linha do tempo, que é o oponente colectivo. O adversário de todos. Este tem uma velocidade proporcional à quantidade de jogadores e o desafio consta em mudar-lhe essa velocidade base de forma a que ele não chegue ao fim antes de jogadas as 13 rondas.
O primeiro jogador identifica–se pelo numero do selo a que corresponde a sua Onda Encantada e assim segue com todos os outros.
O mais especial neste jogo é que para desenvolver as jogadas será necessário ultrapassar vários tipos de desafios e estes é que vão fazer o entretenimento à volta da filosofia do jogo. Existem 5 tipos de desafios:
Uma piada, um conhecimento, um ritmo, uma mimética, e um “descobre quem eu sou”.
O tempo por sua vez é composto por várias casas que têm consequências para os jogadores tipo causa efeito. Além do mais também existe no tempo o lançamento do dado que traz a componente do inesperado na trajectória que os jogadores criam.
Outra perspectiva é que os jogadores consoante o seu selo fazem diferentes combinações de jogadas e portanto quando se agrupam determinados selos existe mais força de grupo para sincronizar o tempo.

Imagino que esteja a ser preparada a apresentação ao vivo do novo disco. Há alguma surpresa a ser preparada? Que podem esperar as pessoas que vos forem ver ao vivo?
Vão ver a banda a desenhar com o seu som e imagem uma perspectiva quântica da mensagem da evolução dos tempos SOL a SOL. Vão ver os OliveTreeDance abertos à experiência e ao fluir com o que o universo tem para lhes oferecer e isso passa também pela energia que o público vai trazer nesta tour. Por isso contamos com todos para completar o ciclo!

Se tivessem de apontar apenas uma razão, e apenas uma, para alguém não só ouvir como comprar o novo “Symbology”, que razão apontariam?
A grande razão será a interactividade que o álbum físico cria em torno do som e de todos os que se quiserem divertir-se entre amigos, seja numa festa, num jantar ou até sozinho frente a uma lareira confortavelmente instalado.

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.