Genericamente, é uma áudio-novela e respetiva banda-sonora. Ou, por outras palavras, a mais recente loucura de David Bruno. E já...
RECORDAÇÕES|"Por Esta Andar Ainda Acabo a Morrer em Lisboa" – Ovelha Negra
Rui DinisIgnorado do grande público, como infelizmente se imagina, o projecto Ovelha Negra foi uma interessante pedrada no charco da lusofonia do final de século; projecto de algum “fado eléctrico” (como lhe chamaram na altura), de um “rock afadistado” ou de uma “electrónica castiça”, o projecto pop e experimental Ovelha Negra (é disso que se trata) é uma criação pessoal de Paulo Pedro Gonçalves (Heróis do Mar, LX-90 e Kick Out Of Jams), posteriormente colorida pelo interessante trabalho de programação de João Gomes. Obviamente, não é um disco de fado (ainda que alguns temas navegue bem dentro das suas margens), é acima de tudo um disco que explora os sons, os instrumentos, a história da música reescrevendo-a, é um disco experimental e também por isso, nem sempre com grande coerência interna. Pouco importa, é isso que por outro lado lhe confere a beleza – arte em viagem, cruzando múltiplas estéticas. “Por Esta Andar Ainda Acabo a Morrer em Lisboa” é um disco que dá hoje mais prazer do que deu há alguns anos atrás. Não tenho dúvidas.
Passe o trabalho das guitarras e da electrónica e resta referir o trabalho de voz e aqui, deve admitir-se que as interpretações de Miguel Gameiro (Pólo Norte) são das mais curiosas e estimulantes (no melhor registo que alguma vez o vi, sem dúvida) do disco. O enquadramento do timbre no conceito é único e de uma ajustamento quase perfeito.
Um disco a revisitar, sem dúvida…
“Por Esta Andar Ainda Acabo a Morrer em Lisboa” – Ovelha Negra (1998/BMG)
01 Na noite do sétimo dia
02 Eu menti à saudade
03 Beco dos Ramos
04 Fui andar pela noite
05 Quem me dera ser feliz
06 Tu és minha
07 Todos os teus filhos querem por amor
08 Eu vi o mar
09 Vida perdida
10 27 de Março
11 Não há pior Inferno que o amor
Pop/Alternativo