Genericamente, é uma áudio-novela e respetiva banda-sonora. Ou, por outras palavras, a mais recente loucura de David Bruno. E já...
Rui Dinis
CONCERTOS“Festival Tejo 2004” – Valada|Cartaxo
Rumo a Valada, o segundo dia do “Festival Tejo”, foi de modo geral dedicado ao universo pop nas suas mais diversas correntes.
Pop-Rock, Disco, linhas mais alternativas, ontem jogaram-se 3 bons duelos sonoros. À boa maneira das peladinhas futebolísticas de antigamente, a Trompa simulou o resultado de 3 jogos do tipo “muda aos 5 e acaba aos 10”, eis os resultados:
-Duelo Pop-
Clã 10 – Mesa 3
-Duelo Disco-
Plaza 10 – Loto 8
-Duelo Alternativo-
Hipnótica 10 – Spelling Nadja 7
Em resumo…
Spelling Nadja
A coisa foi aquecendo, embalada pela extraordinária competência vocal de Nádia Sousa e pelos instrumentos do resto da banda. Foi frio, era cedo, a música dos Spelling Nadja, intensa como é, pede calor, pede a aproximação do público e ontem…este esteve longe.
Há na música dos Spelling Nadja toda uma cuidada poesia que apaixona, mas há igualmente que a adequar a espaços amplos e livres, espaços de festival. A música dos Spelling Nadja é nitidamente de sala, tal a cumplicidade que procura criar com o público.
Tendo como pano de fundo o álbum de estreia, “Winter Days”, numa linha de um pop-rock alternativo, o concerto foi decorrendo positivamente sem grandes percalços, mas também sem grande público para os ver. O que é pena.
Loto
Foi um concerto agradável, com a banda a dar o litro mas a ficar um pouco aquém da festa que deveria proporcionar.
Hipnótica
O concerto dos Hipnótica foi um autêntico “desastre técnico”: colunas a falhar, a voz mal feita, o contrabaixo sem som, obrigando a banda a inventar…bem, foi incrível.
Mas valeu? valeu!, o pouco que se pôde ouvir (é pena, merecia muito mais) mostrou-nos uma banda fantástica, bem acima da média. Mostrou-nos uma banda a arriscar por caminhos em que muito poucos arriscam e muito menos ao vivo. Assente basicamente no último “Reconciliation”, com um excelente João Branco Kyron na linha da frente, os Hipnótica deram vida a um pequeno grande momento, um pequeno grande espectáculo onde o contrabaixo e a harpa deram um toque especial. Foi algo diferente.
Os Hipnótica não mereciam tantos azares técnicos, porque em termos de espectáculo, os Hipnótica ganharam a noite. O público percebeu e gostou.
Mesa
Tenho o álbum e gosto dele, mas este concerto dos Mesa foi triste. Sem chama, sem alegria, como quem se limita a debitar os temas da moda mas que interpretados assim, perdem toda a piada. Ontem perderam, totalmente.
Foi o concerto mais fraco da noite. Foi realmente um pouco aborrecido e nem a voz Mónica Ferraz pareceu estar muito inspirada.
Plaza
Foi um concerto bem mais coerente que o dos Loto no que se refere ao objectivo de colocar o público a saltar. Nisso, os Plaza estiveram bem. Os singles da banda, “(out) on the radio” e o novo “in fiction” para isso contribuiram.
Ainda que entenda que tenham “vencido” nitidamente os Loto, já que têm um som mais adulto, melhor construído, muito mais experiente, ao vivo o som dos Plaza é muito mais plastificado, custa até a crer que alguém esteja a tocar o que quer que seja. Às vezes até na voz custa a crer. Dão espectáculo? dão e venceram os Loto no duelo disco da noite.
Clã
Não era difícil, os Clã são como que de outro campeonato, um pouco mais à frente, muito mais à frente que a concorrência. Com o concerto habitual, Manuela Azevedo voltou a impôr toda a sua competência para encantar e arrasar. Ontem, mais uma vez, os Clã arrasaram.
Foi incrível a sessão de mosh com o “dançar na corda bamba” (sim mosh, foi de doidos). O resto é história, harmonia, música num discorrer de vários temas, de vários álbuns, interpretados por extraordinários músicos e por uma voz e presença fantásticas.
Sítio: www.festivaltejo.com