As coisas que o tempo faz; não só o tempo mas a convicção, a perseverança, enfim, a vontade. Os Indignu estão em crescimento e andam de novo por aqui. Grupo barcelense formado em 2003, hoje, composto por Xiko (voz), Afonso Dorido (guitarra), Matthew (baixo), Jimmy (gitarra) e Ketas (bateria), os Indignu lançaram já este ano o seu EP “Manifesto Anormal do Fundamento”, um disco com sete temas e produção de José Arantes.
Genericamente, em “Manifesto Anormal do Fundamento”, não é só uma alma nova que se ouve, é mais do que isso. São vários os indícios que orientam o som dos Indignu para um patamar de qualidade mais elevado; muito mais consistente no seu todo e muito mais coerente com os novos tempos. Assente cada vez mais num trabalho apurado das guitarras – sem esquecer o posicionamento da secção rítmica, o rock dos Indignu, no seu campo instrumental, está hoje cada vez mais enredado por um desejo pós-rock – baloiçando a espaços entre o passado e o presente. São as guitarras que nos prendem, é alguma da fantasia eléctrica ouvida que nos atrai. “Enquanto Assim For”, é bem a expressão dessa nova e interessante faceta do quinteto de Barcelos – a preferida por aqui. Num outro sentido, a voz de Xiko – melhor que em anteriores registos, parece ainda algo presa a uma colocação típica das ideias anteriores da banda. Se é ela que por um lado até diferencia a arte do grupo – o timbre que dá cor à língua e à temática dos Indignu, por outro lado, também é ela que por momentos ainda prende os Indignu a um passado menos singular.
Se a busca de uma sonoridade própria, mais evoluída e ainda não terminada, é hoje um ponto essencial de evolução nos Indignu, já a forte intenção polítíco-social das suas letras, são hoje já um ponto assente. E bem. Cantadas em português, as letras dos Indignu têm sempre algo a dizer, algo que se funda inevitavelmente no que de negativo tem a triste sociedade consumista que nos envolve.
Talvez por tudo isto – mas não só, “Manifesto Anormal do Fundamento” é a declaração pública de um rock sério, marcado por um forte activismo social e a busca de uma sonoridade própria – que já esteve bem mais longe.

som Ouvir alguns destes sons no MySpace dos Indignu

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capa de Manifesto Anormal do Fundamento
“Manifesto Anormal do Fundamento” – Indignu (Edição de Autor, 2007)

01 Alma Nova
02 S. Sebastian
03 Enquanto Assim For…
04 Pôr A Nu
05 Apartamentos de Luxo & Rebuçados
06 Ecos de Dor Boiando Nos Céus
07 Raiva( Silêncio do Escuro)

tipo Rock
sítio indignu.blogspot.com
sítio palcoprincipal.clix.pt/indignu

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.

3 thoughts on “SINGLES & EP’S|"Manifesto Anormal do Fundamento" – Indignu”
  1. […] voz, xilofone, órgão vintage e kazoo), Mateus (baixo e piano) e Ketas (bateria). Sucessor de “Manifesto Anormal do Fundamento”, o novo disco teve produção de Paulo Miranda e contou com a participação de Valter Hugo Mãe […]

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