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Tempos de “I Was a Ghost, Then” de Horselaughter

Rui DinisRui Dinis

O disco só chega a 4 de Abril mas a curiosidade já era muita. São os tempos de “I Was a Ghost, Then”, álbum de estreia de Horselaughter, projecto pessoal de Filipe Ferreira. Eis as palavras do seu autor:

[Passado] Há na música de Horselaughter características que se identifiquem de alguma forma com aspectos ou momentos do passado do seu autor? Quais?

Há por certo elementos do passado no álbum, creio que isso é evidente. E há uma história de fundo que apela ao passado, para além do facto de o álbum ter sido gravado na aldeia dos meus avós, local a que vou desde sempre e que é ele próprio povoado por pessoas de idade que vivem mais de memórias do que do presente. Claro que há nisso um cunho pessoal e idiossincrático mas não procurei fazer algo, sequer remotamente, autobiográfico. O que houver de pessoal nestas histórias talvez esteja mais perdido pelos cenários, diluido nas ideias que foram desenhando os locais onde as coisas vão sucedendo e talvez seja indecifrável. E o mais importante é que isso tenha transmitido aos temas uma qualquer coerência que o ajude a fazer sentido como um todo.

[Presente] Para além da assumida influência de Mark Linkous, que outras influências ou coordenadas achas que se sentem em “I Was a Ghost, Then”?

A influência de Mark Linkous é se calhar mais pessoal do que perceptível para quem ouve o disco. Interessou-me sempre a forma como combinava elementos aparentemente desconexos e conseguia ainda assim desenvolver uma sonoridade tão peculiar e uma identidade tão perceptível. No entanto, no que diz respeito às canções em si, creio aproximar-me de outros autores com abordagens um pouco mais canónicas. E há um conjunto de referências pelo disco fora que não são sequer directamente musicais, sejam literárias, cinematográficas ou de outros géneros. O que me parece ser mais relevante destacar é que tentei construir um álbum no sentido que “álbum” sempre teve para mim: o de colecção de ideias, de canções, de histórias ou de quaisquer outros impulsos que nem seja possível colocar em palavras. E que, claro, ao faze-lo passei por um conjunto de coisas de que gosto mas sempre com o objectivo de fazer algo de novo com todos esses elementos, mais que evocá-los apenas.

[Futuro] Como vai ser o futuro de Horselaughter? a curto e médio prazo?

Os próximos tempos vão ser dedicados ao lançamento do disco e à sua apresentação ao vivo que, dependendo dos espaços, poderá ser feita em concertos num formato reduzido, na companhia de Miguel Gomes, ou com uma pequena banda de quatro elementos. Independentemente disso, pretendo aproveitar da melhor forma a possibilidade de levar estas canções pela estrada fora e para já isso é tudo o que interessa. Estou também a preparar os primeiros videos, sendo que o primeiro será para o tema radio trails e constituirá uma animação a realizar em conjunto com José Soares. Outros se seguirão pois esta é definitivamente uma área de interesse, muito para além da visibilidade que os videos podem ou não trazer. Mais para o final do ano, deverei começar a alinhar alguns temas que poderão fazer parte do segundo album a gravar, sem pressa, a partir de 2012.

Ouvir Horselaughter

capa de I Was a Ghost, Then
“I Was a Ghost, Then” – Horselaughter (Edição de Autor, 2011)

género: folk-rock

Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.