Chama-se “Outdoor” e é a última maravilha dos La La La Ressonance. Eis as respostas da banda à habitual ‘Chapa 7′ d’a trompa.

1. Numa frase apenas, como caracterizam o álbum “Outdoor”?
Um “blind date” no parque, pela manhã, entre uma trintona enxuta, finalmente recuperada de um divórcio difícil e um cinquentão engravatado com as ideias no lugar.

2. Genericamente, o som dos La La La Ressonance não é dado a grandes catalogações, no entanto, como é que a banda se olha quando pensa em influências ou coordenadas?
Orbitamos – numa matriz experimental e instrumental – entre melodias pop e uma atitude transgressora face às estruturas do jazz e da música erudita.

3. Em relação a “Palisade”, o álbum anterior, sentem que “Outdoor” é de alguma forma um disco de ‘viragem’ ou um disco de ‘continuidade’? Porquê?
Continuidade. É uma espécie de resposta directa à leitura que fazemos do Palisade. Uma espécie de irmão mais novo traquina. Mais rápido, mais ágil, irreverente, desbocado e desabrido. Outdoor é, em discurso directo, muito do que o Palisade apenas insinuava. Palisade é, alias, um disco de fragmentos, insinuações vagas e líricas. Outdoor é em discurso directo, duro e arestado.

4. La La La Ressonance é um grupo de multi-instrumentistas. Como funciona o vosso processo criativo – composição; ensaio; gravação?
No caso deste álbum resulta por um lado de jams sem grande ordem ou disciplina. E por outro, do contexto “laboratório” na composição dos temas e arranjos para quarteto de saxofone. Compomos promovendo o descontrole. Só depois nos sentamos a ouvir, a conversar e a tomar decisões. Criamos, ensaiamos e gravamos compulsivamente. A “montagem” dos temas resulta quase sempre de conversas, discussões, longe dos instrumentos.

5. Que sensações esperam que as pessoas retirem da audição de “Outdoor”?
Não temos, literalmente, nenhuma expectativa nesse campo. A mensagem de Outdoor é completamente abstracta e não pretende ser mais do que um borrão colorido onde quem ouve projecta o seu próprio universo.

6. Se tivessem que escolher a faixa que melhor encarna o espírito do novo disco, qual escolheriam? Porquê, mais sucintamente?

Free Radicals. É o nome de um filme do Len Lye que musicamos em 2008, e que resulta, essencialmente, da sobreposição de elementos formais aparentemente desconexos, para criar uma regra própria e dificilmente identificável. O tema ilustra precisamente isso. E o álbum, em grande parte, também.

7. Como vai ser o futuro próximo dos La La La Ressonance?
Em concerto – sempre que possível com os Quad Quartet – até ao final do terceiro trimestre de 2010.

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capa de Outdoor
“Outdoor” – La la la Ressonance (Honeysound, 2009)

género: alternativa
www.lalalaressonance.com
www.honeysound.com

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.

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