Num universo de oferta quase infinita, e falo apenas em termos quantitativos, não é difícil perceber como ainda há quem vá passando por entre a chuva sem nunca se molhar, sem nunca ser verdadeiramente abençoado pelo dom da exposição. Por isto e por muito mais, não é difícil percebê-lo. Mesmo vencendo o Festival Termómetro 2008 e o concurso MTV/Levi’s 501 Live Unbuttoned, os Bass-Off são ainda uma cintilante pérola por descobrir – este disco é o prémio por essas vitórias. É o que este “Ohmónimo” tenta fazer; desvendar um segredo mais ou menos bem guardado, desde 2004, nas Caldas da Rainha.
Mas agora não há, definitivamente, razão para ignorar a banda de Rui Filipe ‘Joe’ (guitarra e voz), Nuno Oliveira (bateria e voz) e Nélson Alves ‘Né’ (guitarra e voz), que entretanto abandonou o projecto. Claramente centrado num rock alternativo, com vontade de experimentar, “Ohmónimo” é um belíssimo banquete de guitarras secundado por uma bateria cumpridora. E a palavra certa é mesmo banquete. São elas as responsáveis por toda a expressividade da música dos Bass-Off; pelas palavras sacadas em cada riff; pelo sentimento. Apetece dizer, palavras para quê, quando se tem duas guitarras assim; enérgicas; criativas; emotivas. “Ohmónimo” é um disco emocionante.
É tudo pelo prazer. É tudo pelo noise.
“Ohmónimo” – Bass-Off (Independent Records, 2010)
01 That Dead Song
02 Whatever
03 Playing God
04 Cellar Door
05 Trumpets
06 Sunrise
07 Nova Nova
08 God Loves What He Hates
09 Virginia