CONCERTOS“Rock na Vila” em Vila de Rei

Que fim de semana. Que calor. Que raio. A trompa pousou em Vila de Rei no último sábado, dia 26 de Junho e assistiu ao segundo dia do “Rock na Vila”. Uma hora e vinte minutos depois do previsto, lá começou a festa, num espaço bem preparado mas algo despido de público. Findo o futebol a coisa animou e as massas lá foram aparecendo, a medo.

Big Fat Mamma

FREE.
De Braga para Vila de Rei, os 8 músicos dos Big Fat Mamma vieram com a intenção de dar espectáculo. Deram? deram. Mas foi assim tão bom? nem tanto, bem, depende. É uma questão pessoal, há coisas num concerto que não “vou muito à bola”. Lá iremos.
De modo geral, a voz forte e escaldante da carioca Alex Liberalli comandou todo o espectáculo bem acompanhada por uma banda que deu facilmente conta do recado. O resto é samba de Alex, vocalizando temas que vão do funk ao rock mais puxado, passando por melodias mais pop, caracterizadas por aqueles tons baladeiros e melodramáticos aos quais os brasileiros tão bem sabem dar vida (leia-se de telenovela). Foi um concerto onde a alegria foi uma constante.
Depois é animação, animação e minutos perdidos em interlúdios para apresentação dos artistas. Quando definitivamente a assistência começa a pular, ouve-se no meio do tema um “péra aí, péra aí, agora vou apresentar o baixista”, ao que este saca um solo de 30 segundos. Não bastando, o guitarrista tem direito a quase um tema de apresentação, no qual se desfaz num solo fastidioso, até presunçoso, diria. Enfim, não havia necessidade, perde-se muito tempo em interlúdios e apresentações (dá sempre aquela ideia de encher chouriços).
“Seus olhos” fez sucesso? claro!, “jogo de bola” fez sucesso? claaaaaaro! (mais uma bandeira desfraldada), depois foi “big fat mamma” até ao fim. Bom concerto. Animado com a excelente presença de Alex Liberalli.

The Legendary Tiger Man

E então, o público fugiu.
O som posto a rodar enquanto se preparava a bateria de Paulo Furtado, deixava antever o cenário que se seguiria. Algo deserto. O público fugiu, mesmo.
Foi sem dúvida o concerto com menos assistência, mas foi decididamente o mais mágico, principalmente para os resistentes, ainda umas boas dezenas. Ouvir e ver Paulo Furtado na pele de Tiger Man é será sempre uma experiência musical estraordinária. E foi. Agora, é natural que nem todos terão paciência para aguentar tal show de blues, rock e mais etc., é obvio!
O facto é que Tiger Man consegue facilmente dar um grande espectáculo, mesmo em condições tão adversas como aconteceu no último sábado: pouca gente, já tarde, colocado no alinhamento entre duas bandas de “pula pula”, enfim, não foi fácil, mas Tiger Man estava lá e cumpriu.
Grande, grande experiência, mesmo sem “Fuck Christmas…”(por promessa feita à mãezinha…).

Yellow W Van

No fim estacionou a carrinha amarela.
O público voltou em força, ainda em maior número do que aqueles que assistiram a Big Fat Mamma.
Em palco, os Yellow W Van fizeram o que deles se esperava, deram espectáculo. Diria mesmo que se vai confirmando o facto dos Yellow W Van serem portadores de um espectáculo bem interessante ao vivo. Agitam. Safam-se bem.
Se falarmos da música em si não há grandes novidades é verdade, o som está na moda e é facilmente assimilado pela malta jovem que curte a cena. Curto e directo. Com os Yellow W Van iniciou-se o mosh, definitivamente. Com “O que eu penso é o que eu falo” e “Panorama” então foi o extâse, ver aquela juventude aos saltos, assim, de pernas para o ar. Em extâse.
Quanto ao público, terá sido sem dúvida o concerto da noite. Os rapazes mereceram.

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.