AUDIÇÕESBrilhante Pop 2003
“Le Jeu” – Balla (2003/Music Mob/58)
Fantástica a voz sensual de Sylvie C em mais um lúcido disco de Armando Teixeira, melódico, marcado por ambientes voluptuosos, por uma pop interior, estética e poética.
Imageticamente irresistível, qual bandeira gaulesa a flutuar. Depois de um prometedor e excelente primeiro álbum, “Balla”, Armando Teixeira voltou a surpreender as massas melómanas em 2003, com um disco cheio de charme e personalidade, sustentado pelo rigor da electrónica em doses incrivelmente equilibradoras do resultado final. Intemporal.
A elegância proporcionada por este “Le Jeu” é verdadeiramente assombrosa, quer se reine por ambientes pop mais jazzy quer se rume em direcção à “chanson française”, este disco atinge o auge principalmente na voz de Sylvie C.
De uma simplicidade rumo á enormidade.
Alinhamento:01. Envoutment; 02. A Meu Favor ;03. Tocar (Evidence) ;04. Quero Ser o Teu Volkswagen; 05. Un Jeu Courtois; 06. Les Maximes de L.; 07. Love Av. Nº1; 08. Wild Life (Living a Sparkling); 09. Galaxies Erotique; 10. Melvin Surprise.
“Urbanalidades” – Les Eléphants Terribles (2003/Multidisc)
Não, não está relacionado apenas com a sua vertente mais pop-jazzy, “Urbanalidades” é um disco que busca referências por vários espaços, que orienta a sua música por diversos caminhos, ainda que a matriz principal se mantenha algo constante. Espaços mais pop, mais populares, influências brasileiras, europeias, enfim, do mundo. Há sempre uma vontade jazz na matriz, uma vontade de cantar em português e cantar bem, buscando profundamente as mais distintas e distantes influências culturais. Nota-se uma preocupação relacional face às raízes musicais que orientam o grupo, entendam-se tradicionais.
Les Elephants Terribles, para além da extraordinária capacidade musical que possuem, pecam apenas por alguma excessiva colagem às influências que naturalmente possuem, inclusive na vocalização.
Alinhamento: 01. In Medias Res; 02. Ser Ou Parecer; 03. Quotidianos; 04. Agora os Dias São Inteiros; 05. Que Fique Bem Claro; 06. Os Urbanos; 07. As Manhãs; 08. Fôlego; 09. A Tua Voz; 10. Nem Marginal; 11. Beijos Suburbanos; 12. In Media Res (Reprise); 13. Toda a Vera Cruz; 14. Uma Canção Alegre.
“Winter Days” – Spelling Nadja (2003/Sony/Som Livre).
Criadores de um rock alternativo assente num extraordinário bom gosto, deixaram-nos expectantes face às possibilidades de um futuro que se quer reluzente. A originalidade não é grande, mas o leque proposto pela excelente e versátil voz de Nádia e pela componente musical do grupo transforma o som dos Spelling Nadja (a rasgar uma certa pop mais alternativa, meio trip-hop sobre uma tela de jazz), numa experiência impossível de ignorar, de sentir.
“Winter days” é um disco embalador, apaixonado, criador de ambientes reais, irreais e surreais, criador de ambientes multidimensionais tal as flashadas sonoras sobre nós infligidas.
Registe-se ainda a participação do Maestro António Vitorino de Almeida nos arranjos de “Given Like a Bless” e “I Feel Strange Tonight”.
Um disco bonito, feito de sentimento.
Alinhamento: 01. Eilline; 02. Grown child’s wish; 03. An explanation (for i love you); 04. Tema sem titulo; 05. Secret nights; 06. Given like a bless; 07. (fingir) dias passados; 08. Dreams shining through; 09. Interruptions of life; 10. Show me dreams; 11. I feel strange (tonight); 12. Winter days.
Sítio:spellingnadja.no.sapo.pt