E eis que Tiago Sousa nos faz uma bela surpresa, acompanhada por um texto não menos interessante. Aqui vai ele, integralmente:
“Considero o momento do concerto como central da prática musical. Entendo-o como único momento de verdade sobre esta prática. A indústria do entretenimento impõe-lhe a normatização e o simulacro. É a ficção e a separação que são os sustentáculos desse simulacro. Nele estamos todos a jogar, os artistas jogam as suas personalidades, mais ou menos excêntricas, e o público joga o seu papel voyeur. A sua apreciação é ou tendencialmente alienante ou tendencialmente técnica. Daí que, quando decidi lançar Samsara, a imagem de um piano sozinho num palco, entregue à fragilidade de dedos que têm tanta vontade de espraiar sobre as teclas do piano como de ver a vida e o mundo, se apresentou não só como metáfora mas também como reflexão. O acto de nos apresentarmos assim despidos tornou-se tão raro que parece radical e novo. Um momento imprevisto e aventureiro. É esse o trilho que busco com os meus concertos. Que deixaram de ser performances para serem vida. Vida que se cruza com o quotidiano e que tanto pode tomar lugar em cima de um palco como numa sala de estar.” Tiago Sousa
Gravado ao vivo no Museu de História Natural em Lisboa, num concerto promovido pela Galeria ZDB, e no Auditório Municipal Augusto Cabrita no Barreiro, num concerto promovido pela OUT.RA – Associação Cultural. “Confucius and the Madman” está disponível para download legal e gratuito. Isso mesmo! [CONTEMPORÂNEA | DOWNLOAD LEGAL]
Foto: Vera Marmleo