Foi uma excelente sexta-feira. Não só pelo interessante naipe de nomes em cartaz ou pelo que estes conseguiram efectivamente desenvolver em palco, mas também por toda a envolvência que se foi criando logo desde cedo; como disse há dias, “muita e boa gente, excelente temperatura, animação q.b. e claro, muita e boa música“.
Estava tudo preparado, venha a festa – à hora marcada, refira-se:
Riding Panico
Abriu bem; não, abriu muito bem esta festa. Com um novo EP em divulgação, os Riding Panico voltaram a mostrar porque são uma das bandas mais poderosas ao vivo. Com um início verdadeiramente arrasador, assente na combinação explosiva do seu trio de guitarras, os Riding Panico aproveitaram a sua meia-hora para dar um espectáculo de pura transmissão sónica; sem palavras, apenas som. O tempo nunca é muito, no entanto, para o caso, foi mais que suficiente. Recomendam-se.
Balla
Agora no palco principal, Armando Teixeira e os Balla, abriam para um recinto já bem composto. À frente, com presença, Armando Teixeira e os seus Balla percorreram essencialmente o último “A Grande Mentira”, alinhando temas como “Saltei de Mim”, “Construí uma Mentira”, o single “O Fim da Luta”, a versão de “Oub’Lá” dos Mão Morta e principalmente, o segundo single “Outro Futuro” – sim, também gosto mais do segundo. Prestação segura.
Born a Lion
Terá sido porventura uma das maiores prestações da noite. Não tanto ou só pela música, mas principalmente pelo seu todo, pela personalização do velho espírito rock’n’roll que emana fortemente deste trio da Marinha Grande.
Sobre o baixo de Nunez (Nuno Lopes) e a guitarra de Melquiadez (Bruno Cantanhede), Rodriguez (Rodrigo Cassiano), voz e bateria dos Born a Lion, não deixou pedra sobre pedra. Ao vivo, os Born a Lion são arrebatadores, com um som que cruza o rock com o blues de uma forma impetuosa; como disse há dias, “partiram a loiça toda…“.
Mercado Negro
A seguir, novamente no palco principal, mais uma grande festa. Sem estar propriamente à espera, deve admitir-se que os Mercado Negro deram um excelente concerto. Centrados na voz de comando do positivo Messias Santiago, o colectivo de 9 excelentes músicos soube a todo momento agarrar o público, espalhando pelos jardins a boa vibração dos seus grandes hits; isto é, “Leoa Tigresa”, “Oh Lua (encontro)” e “Beija-Flor (voa)” fizeram a festa. Com base nos dois álbuns já editados, Messias fez descer Jah ao Porto, criando alguns momentos de pura e franca comunhão; tudo pela música.
DJ Ride
A fechar o Palco Ritual, DJ Ride. Foi também uma boa surpresa. Numa composição algo inesperada, com trompete e guitarra, o giradisquista Ride fez-se ainda acompanhar do scratch de DJ Ovelha Negra. Numa sonoridade estacionada algures entre o hip-hop, o Jazz, a electrónica e algum experimentalismo, o DJ aproveitou para dar a conhecer o seu aguardado disco de estreia, “Turntable Food”, álbum a ver a luz do dia lá para Setembro, pela Loop:Recordings. Pelo que se ouviu na sexta-feira, temos beat, temos som, temos disco…
Clã
Para o fim, os Clã. Outra vez Clã ao vivo n’a trompa. Calha assim mas calha sempre bem, sendo que mais uma vez, os Clã mostraram aquilo que já todos sabemos – gostemos ou não do produto final: que são uns extraordinários fazedores de canções em português. Não é a língua que interessa, aqui é apenas um facto. Ainda a apalpar terreno, os Clã mostraram já uma boa parte do novo álbum, deixando no ar pistas para um disco mais directo, mais aberto, explorando aqui e ali novos enquadramentos sonoros. Sobre o resto nem é preciso falar, a jogar em casa, os hits de sempre fizeram o resto da festa.