Talvez amedrontado pelo vento e pela chuva que se fizeram sentir no Porto três horas antes do início do espectáculo, era muito menos o público presente ao início da noite nos Jardins do Palácio de Cristal. Felizmente, as nuvens deram tréguas e o espectáculo pôde começar; pôde continuar. Sempre a horas – é bom voltar a referi-lo.
M.O.S.H.
Não foi uma surpresa; com o vigor que se lhes reconhece, os tripeiros M.O.S.H. abriram as hostilidades no Palco Ritual. Num ritmo duro, forte, o quarteto aproveitou bem a sua meia-hora para lançar brasas pelo jardim, explorando com energia o seu rock-metal, cuspido com fulgor pela guitarra de Miguel Azevedo e pela voz poderosa de Pedro Lima. Essencialmente, foi a proposta mais pesada do festival.
Slimmy
Poucos minutos depois, no palco principal, Slimmy punha a máquina a funcionar. Num arranque algo nervoso – algo estridente, o músico português, hoje a viver em Londres, foi correndo “Beatsound Loverboy”, álbum de estreia a editar muito em breve – finalmente. Após um início periclitante, o músico foi crescendo, crescendo, trazendo ao cimo o espírito electro que o move, numa forte imagem new wave que se impõe. Cumpriu, sem nunca chegar a entusiasmar. Aguardemos pelo disco…
Lobo
Depois, no Palco Ritual, foi tempo de se ouvir o Lobo uivar. Numa postura descontraída, de quem se prepara para enfrentar o mundo com simplicidade, o grupo de Pedro Bessa – voz e baixo, Pedro Jorge – guitarra e voz e Pedro Madureira – bateria e voz, soube levar o seu rock, clássico, por entre o público espalhado pelo jardim; é verdade que nunca chegaram verdadeiramente a entusiasmar, no entanto, também é verdade que este Lobo parece saber o que quer. Sempre em português, a festa não terminaria sem uma encenação que levaria dois lobos a fustigar dois tambores.
X-Wife
Assim, de repente – é essa a recordação, este terá sido o primeiro grande momento da noite; porque foi intenso, porque foi um concerto sem falhas – que se notassem. Com um historial de dois álbuns que lhes permite já coleccionar alguns hits, o grupo de João Vieira, Fernando Sousa e Rui Maia, deu um concerto feito de garra, eléctrico – como convém, mas acima de tudo competente; a presença de André Hollanda (ex-ZEN) na bateria, torna o som dos X-Wife muito mais orgânico – confirma-se. À frente, João Vieira cumpriu com distinção…com personalidade.
Sean Riley & The Slowriders
Já noite fora, a fechar o Palco Ritual, esteve Sean Riley & The Slowriders. De Coimbra para o Porto, o trio deu-nos a conhecer “Farewell”, álbum de estreia do grupo a editar já em Setembro pela NorteSul. Acompanhado por Bruno Simões e Filipe Costa (no teclado com bateria!!!), Sean Riley trouxe ao Porto todo o perfume do folk-rock coimbrão; não é só rock, não é só fado, também há folk! Foram minutos bonitos, simples, deixando no ar boas indicações para o disco que se aproxima.
David Fonseca
Já ao fim da noite, David Fonseca superstar terá talvez conseguido o prémio para a melhor actuação do dia – talvez do festival. Apelando naturalmente a um alinhamento baseado em canções de sucesso, David Fonseca apresentou um espectáculo profissional, basicamente irrepreensível. Acompanhado por excelentes músicos e não fugindo obviamente a um passado de balada – belíssimo “Adeus, Não Afastes Os Teus Olhos Dos Meus”, este foi um espectáculo cheio de energia. Foi um espectáculo vivo – bem mais do que se ouve em disco, um espectáculo marcado pela voz de David Fonseca, pelos arranjos, pela projecção de vídeo, enfim, um pouco por tudo. Foi um excelente concerto.