“Zoetrope” – Micro Audio Waves

“Quantos frames por segundo?”
Um ponto prévio: Não é obrigatório, mas “Zoetrope” fará sempre muito mais sentido quando embrulhado em toda a imagética que o suporta em palco. Não é obrigatório mas dá-lhe outra vida. Parece óbvio; mas nem sempre.
Depois, e não sendo de agora, é em consciência que o afirmo: os Micro Audio Waves mereciam muito mais do que aquilo que o mundo lhes tem oferecido. Sabemos que este nem sempre é muito justo, e que os seus dias correm quase sempre de uma forma anárquica, em velocidades e direcções diferentes; correm demasiado depressa para se aperceberem do que ocorre à sua volta. Mereciam. No meio, lá está um projecto que insiste em traçar um rumo muito próprio, longe do mainstream e centrado no prazer pelo prazer. “Zoetrope” é isso e muito mais; porque é um espectáculo diferente; porque é um espectáculo total; porque há nele um outro nome de relevo: o coreógrafo Rui Horta.
“Zoetrope” é um grande espectáculo. Foi assim que os Micro Audio Waves e Rui Horta o imaginaram e é assim que o é. É óbvio que abordando apenas o elemento musical, há toda uma outra componente que se perde na viagem. Mas não é grave; e não é grave porque a música nos convence só por si. É um disco claramente Micro Audio Waves; é a electrónica de sempre do projecto de Flak, C Morg e Cláudia Efe, neste também com Francisco Rebelo, que dá vida a uma espécie de concerto encenado. Conhecendo o DVD desta edição torna-se claramente mais fácil perceber a música de “Zoetrope”, mas não conhecendo, também não é difícil imaginar como esta pode servir a imagem e o movimento de uma forma quase perfeita. Não sendo um álbum típico, é um disco expressivo, sonoramente convulsivo e imageticamente misterioso. É.
“Zoetrope” é uma estranha performance coreográfica; objecto multimédia para coleccionar. “Zoetrope” é arte em movimento e a música dos Micro Audio Waves é a água que nos mata a sede. Uma delícia.

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