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Supernada ou Supertudo?

Sem surpresas de maior, este mais parece uma espécie de Supermanel. Costuma ser assim, porque razão não haveria de o ser em Supernada? Não há razão e por isso mesmo, “Nada é Possível” (ArtHouse, 2012) é apenas mais uma prova da magistralidade do performer Manel Cruz, figura incontornável do panorama rock nacional dos últimos 25 anos. Em Ornatos Violeta, Pluto, Foge Foge Bandido ou nestes Supernada, há uma marca comum que os une: o inconfundível carisma de Manel Cruz.

Nestes, na companhia de Ruca Lacerda (guitarra), Eurico Amorim (teclados), Miguel Ramos (baixo) e Francisco Fonseca (bateria), Manel Cruz volta a mostrar-nos o quão vibrante pode ser o rock cantado em português. Notado o esforço em fugir à banalidade de um qualquer arranjo pop-rock mais típico, “Nada é Possível” está cheio de contorcionismos sonoros, expressos numa sonoridade onde a busca da diferença é constante. É ver como sobre uma base instrumental de rock, típica, adornada ainda pelas múltiplas virtudes das teclas, vão surgindo vincadas as linhas de um rock marcadamente mais experimental. São pormenores. Nada é óbvio em “Nada é Possível”, sendo-o ao mesmo tempo. Com intensidade.

Ao fim de alguns anos de espera, aí está finalmente o álbum dos Supernada. E uma coisa é certa, valeu bem a espera. [ ROCK | OUVIR ]

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.