Agora, sozinho. Tiago Sousa acaba de se lançar numa jornada que o levou a encontrar-se em definitivo consigo mesmo. Depois de algumas ameaças levadas a cabo com o anterior “Walden Pond’s Monk” (Immune Recordings, 2011), Tiago Sousa ensaia em “Samsara” (Immune Recordings, 2013) uma relação mais pessoal com a sua arte. Uma relação que se materializa num diálogo simples e directa entre o músico e o seu piano; sem redes de segurança; sem outros coloridos instrumentais; sem dispersões; com uma outra profundidade. Está tudo ali.
À filosofia de Henry David Thoreau, homenageada em “Walden Pond’s Monk”, sucede em “Samsara” um conceito narrativo diferente, um conceito baseado em nomes da filosofia oriental (Lao Tse, Chuang Tzu, Bodhidharma e Siddharta). São quatro faixas de um fundo harmonioso onde o autor faz cruzar de forma espaçada, equilibrada, momentos onde se sente o silêncio respirar, com notas que se alongam, com outros onde este parece ser ostracizado por um ritmo mais empolgante, mais vivo. São emoções várias, estados de espírito contrários e em luta, despertados por combinações sonoras mais complexas, menos directas, mais misteriosas do que as que conhecemos dos discos anteriores de Tiago Sousa.
Mais evoluído, mais criativo e sem perder parte da simplicidade estética que caracteriza a música de Tiago Sousa, “Samsara” é um disco que nos enche de satisfação, à primeira, um disco que nos deixa felizes. Bem felizes. {CONTEMPORÂNEA| OUVIR}