“Indian Summer”; é esse o título do novo álbum de The Partisan Seed. Foi à volta dele que Filipe Miranda nos deixou a sua ‘Chapa 7’:

1. Numa frase apenas – ou duas – como caracterizas conceptualmente o álbum “Indian Summer”?
Penso que o “Indian Summer” é um disco musicalmente outonal, luminoso e aberto, que incide na melodia e nas letras como os maiores veículos de comunicação. Um disco simples de canções simples, que abrigam mensagens subtis, como se fossem palavras de uma espécie de muezzin que reza muito baixinho.

2. “Indian Summer” é um disco de ‘viragem’ ou um disco de ‘continuidade’, em relação ao teu anterior registo? Que principais diferenças encontras?
Apesar de cortar com algumas coisas feitas no anterior, penso que é um disco de continuidade. Formalmente, existem muitas diferenças em relação ao outro. A mais notória é a ausência de temas instrumentais. Parti com a ideia de um álbum mais complexo, com dezoito músicas. Gradualmente fui eliminando faixas e substituí algumas músicas por outras, para que o “Indian Summer” fosse menos conceptual que o “Visions Of Solitary Branches”. Quem ouvir o álbum com atenção vai sentir, em alguns momentos, um balanço ainda mais assumido entre o mediterrânico e o português.
Ao nível das temáticas, não incide tanto nas pessoas que me rodeiam, mas sim da imagem que tenho de personagens criadas ou inspirações em alguém que me ensinou a ver o mundo. Por exemplo, em “Ofelia (again)” cruzei o cigano do D.H. Lawrence com a Ofélia do Shakespeare, na “Judy (somewhere)” fundi uma febre que me afectou com um sonho positivo em que vi momentos da minha infância e no qual aparece a Judy Garland. Cabem lá várias sombras, mestres como o Shane McGowan ou as paisagens imaginadas de praias por onde passeia o Garcia Lorca.

3. Este foi um disco feito a pensar no público que te ouve? Que expectativas tens em relação à sua aceitação?
Um amigo meu disse-me que quando estou em processo de criação, não ligo muito ao que está à minha volta e há qualquer coisa que me faz ver no escuro. Apesar de ter sido um comentário algo negativo, segundo a intenção dele, para mim é a melhor crítica que me podem fazer. É sinal que componho sem alvo e tento dar às músicas o que elas precisam. Este disco, como o anterior, não foi feito para um público específico, mas a partir do momento em que é editado deixa de ser meu e passa a ser de quem o ouve. Gostava que fosse bem tratado, porque é um objecto sensível, feito com todo o coração.

4. Que sensações esperas que as pessoas retirem da audição do novo disco?

Toda a gente adapta sempre às suas experiências pessoais aquilo que está a ouvir. Mas espero que todo o clima de honestidade com que compus os temas passe para quem os ouve. Que curtam o que estão a ouvir e que tenham vontade de partilhar a audição do disco com as pessoas das quais mais gostam. Espero que ouçam com o cuidado que acho que ele merece e que queiram ter vontade de comparecer nos concertos.

5. Se tivesses que escolher a faixa que melhor encarna o espírito do novo disco, qual escolherias? Porquê, mais sucintamente?
“Song for a beautiful mass”. É a minha maior mensagem para quando partir deste mundo. Esteve para se chamar “Song for my funeral”, mas a minha mulher fez-me mudar de ideias. E ainda bem! Esta como todas as restantes letras estão disponíveis na internet para quem quiser ler, fica aqui o convite (é só ir ao meu site e seguir um dos links, já que não pus as letras no disco). Mas é isso… “Song for a beautiful mass” sou eu a falar, na minha forma mais directa de discurso.

6. O que podem esperar as pessoas que vos forem ver ao vivo?
Existem dois formatos de concerto. O primeiro com uma banda de cinco elementos, a mesma formação que esteve no concerto de apresentação no Theatro Circo em Braga, onde existe muita percussão e recurso a instrumentos variados, desde as convencionais guitarras, baixo e piano até à linhas melódicas do harmónio e da darbouka. O segundo formato é pensado para locais mais pequenos e íntimos, em duo.
Ao vivo, praticamente todas as músicas são interpretadas com novos arranjos e existe muita improvisação, por isso quem for aos concertos não vai ouvir o disco, mas sim uma versão live dos temas que estão no disco.

7. Como vai ser o futuro próximo de The Partisan Seed?
Vai ser tocar, apresentar estas novas canções. Até Dezembro, a maior parte dos concertos vai ser em duo. A partir de Janeiro, espero que consiga reunir as melhores condições humanas e técnicas para ter sempre a banda completa em palco.

som The Partisan Seed

Capa de Indian Summer
“Indian Summer” – The Partisan Seed (Transporte de Animais Vivos, 2008)

tipo Folk/Alternativo
sítio www.thepartisanseed.net
sítio thepartisanseedpt.blogtok.com
e-mail thepartisanseed@gmail.com

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.

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