Seis já lá vão. Enquanto não chega o sétimo, de 12 discos a editar durante o ano de 2011, a trompa aplicou a chapa 7 à The Zany Dislexic Band:
1. Há alguma história por detrás da escolha do curioso nome The Zany Dislexic Band? Qual?
Não existe uma grande história. Quando começámos a ficar conscientes da música que fazíamos pareceu-nos a forma mais indicada de a rotular, isto é, uma descrição exacta daquilo que sentíamos estar a fazer. Creio que foi o Zé Nando que o sugeriu quando andávamos à procura de um nome, que pode ser traduzido por a ridícula banda disléxica.
2. Em relação à The Zany Dislexic Band de 2004, ano do álbum de estreia, que diferenças encontram por comparação com a actualidade – contextualização geral?
Muitas. Já passaram uns anos e, naturalmente, as coisas mudam. Isso nota-se nas horas e horas de sessões que temos gravadas. Há duas coisas importantes. Uma é a forma como a banda surge, o início, onde tudo ainda é bastante difuso e a identidade, enquanto banda, começa a ganhar forma. Por si só, penso que podemos falar de uma alteração, não sei se se trata de uma evolução mas, sem dúvida, é uma modificação. Por outro lado, há uma diferença (e aqui sim penso que se poderá referir uma certa evolução) na forma como nós, enquanto músicos, evoluímos, dominámos e manipulámos o som dos instrumentos, etc. Tudo isto cresce, ou melhor, vai ficando mais definido e objectivo. Portanto, a Zany de 2004 é muito diferente da Zany de 2011 e ainda bem! Para além disto há uma diferença na forma como fomos interpretando o nosso trabalho. Isto é, nunca fizemos música na pretensão de atingir qualquer objectivo. Fazemos o que gostámos e queremos, ponto final. Mas também é verdade que, durante algum tempo, ouvíamos as sessões e ficávamos a pensar sobre a melhor forma de trabalhar o material, de o apresentar ao vivo. Até que percebemos que a Zany é assim, um momento único e irrepetível. Mesmo que uma linha de teclado ou guitarra se repita, nunca será igual na interpretação ou energia.
3. De uma forma geral, a música dos The Zany Dislexic Band não é dada a grandes rótulos, em todo o caso, como é que a banda se olha quando pensa em influências ou coordenadas?
Acho que a grande influência é a nossa vida. A forma como crescemos a ouvir imensos estilos de música. Há uma convergência dos quatro na maior parte das referências, quanto mais não seja pelo facto de tocarmos juntos desde os 12 anos e a maior parte do tempo ouvíamos as mesmas coisas. Mas depois também há coisas mais específicas que não ‘reúnem consenso’, embora na minha opinião, exista uma linha estética comum que acaba por se reflectir até nas opções para a própria editora.
4. Prometeram editar um disco por mês durante o ano de 2011. Como nasceu esta ideia?
Esta ideia surge fruto das horas, dias de gravação que fizemos ao longo destes anos. Sempre que se falava em editar um segundo disco da Zany, até aqui só existia um que é o primeiro da editora e tem o mesmo nome – Meifumado, imediatamente surgia a controvérsia na escolha das sessões. É muito material, mesmo! A determinada altura decidimos editar o maior número de sessões possível. Como este ano fazemos 10 anos com o projecto, inicialmente pensámos em fazer 10, mas com tanta coisa chegámos aos 12 e assim ficava o ano inteiro. Nós vemos este conjunto de edições como um segundo álbum da Zany, dividido em 12 capítulos, que reflectem os 10 anos de história da banda. Por outro lado, há mais coisas que queremos fazer e torna-se difícil avançar sem terminar algo que está pendente. Sentimos a necessidade de fechar esta porta para procurar novos desafios.
5. Já lançaram seis dos 12 discos previstos para 2011. Já têm algum feedback, sobre a ideia e/ou sobre a música?
Sim, já. A reacção mais comum é a admiração. (“12 discos? grandes malucos!”) Já nos perguntaram se não temos receio de saturar as pessoas, se não é demais, etc. A questão é que fazemos o que queremos da forma que gostamos. Quem quer ouve e quem não quiser não ouve. A música está aí. Depois há quem goste mais de um, outros que gostam de alguns ou de todos e os que não gostam de nenhum. É simples.
6. Que sensações esperam que as pessoas retirarem da audição da vossa música? Ou nem pensam muito no público?
Nós temos consciência que a nossa música não é do grande público, de muita gente. São sessões de improvisação que podem oscilar entra 4m/5m e 45m. É instrumental, não há refrãos e tudo isto inclina a experiência, portanto, é difícil. Acredito que é preciso ter uma grande predisposição para entrar neste mundo. No entanto, é claro que esperamos o melhor mas não o fazemos a pensar nisso. É óptimo quando alguém nos diz que gosta imenso, ou (o melhor que nos disseram até hoje) que a Zany é uma óptima companhia. O pensamento sobre o público é a posteriori, ou seja, é interessante ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre a maneira como a música lhes toca. O porquê das escolhas das sessões, etc. Mas pensar no público a priori, fazer alguma coisa porque vai agradar mais ou menos, isso não acontece e creio ser impossível com a Zany porque a música é pura improvisação. Com muito ou pouco interesse, até pela própria característica da sonoridade, para nós isto só faz sentido se existir este tipo de verdade.
7. Há mais alguma surpresa guardada para 2011 ou mesmo 2012? Como vão ser os próximos tempos da The Zany Dislexic Band?
Para já temos mais 6 discos pela frente e ainda há trabalho a fazer em relação a isto. Temos a ambição de fazer outro tipo de coisas mas… um passo de cada vez. Vamos terminar o ano com os 12 discos e depois logo se vê.
| ALTERNATIVA |
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