Três anos se passaram sobre a última referência por aqui a Branches, projecto pessoal de Pedro Rios. Nessa altura, o assunto foi o Split “Seiva” (Searching Records, 2006), disco que Branches partilhou com Osso e Sapien Sapiens. Entretanto, outros temas nasceram, os DOPO acabaram – projecto que Pedro Rios partilhou com André Gomes e Kamanu – e nascia “Alto Astral”.

Branches é coisa nómada. Não nasceu para estar sempre no mesmo sítio. Das gravações embrionárias pouco ou nada resta senão uma vontade retroescavadora de explorar os recantos mais sombrios do som. Mas até nisso algo mudou. Há em Alto Astral, convenientemente editado em K7, um lento mas sentido abrir das janelas para o sol e a luz, um esticar de pé para as areias quentes da praia, um flirt perfeitamente saudável com as batidas e sabores melódicos dos anos 80. Tudo numa estética de corta e cola, do abuso de samples menores (numa colaboração pecaminosa entre Pedro Rios e Miguel Carvalho), de reconhecimento de resquícios de uma pop tantas vezes maltratada e enxovalhada, destinada a acabar nos caixotes de LPs velhos a menos de cinco euros.
Entrar em Alto Astral é também deixar em loop os dez melhores segundos daqueles disco caribenho encontrado no baú do sótão na casa de férias, admitir gostar daquela melodia de gosto dúbio, é descobrir vida a teclados acondicionados para sempre em armários guarda-memórias, é como ver a vida atravessar lentamente à frente dos olhos. Entrar em Alto Astral é ver Branches reinventar-se ao sabor da corrente, de braço dado com as batidas e as melodias que pensávamos para sempre perdidas. Para ver entrar o sol.
” (André Gomes)

Livre e gratuito!

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capa de Alto Astral
“Alto Astral” – Branches (CS, 2010)

género: experimental
branchesbranches.blogspot.com
www.myspace.com/branchesbranches

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.