Não são necessários motivos para relembrar Fausto. Bastaria o facto de ser quem é, um dos maiores cantautores vivos deste país. Mas para o caso até encontrei um; motivo, desculpa – para dizer outras coisas, chamem-lhe o que quiserem, triste é ver tão pouco este poeta cantor em cima do palco. Não sei se será um recolhimento auto-imposto, se é o resultado dos dias agitados porque passa a indústria musical, o que sei, é que é triste. Na linha da primeira ideia, parece algo que corre no mesmo sentido da pacatez e humildade da figura de Fausto Bordalo Dias. Pois bem, Fausto está outra vez por aqui. E está, porque é fundamental não esquecer nomes como o de Fausto, nomes que contribuíram como ninguém para a construção de uma nova identidade musical portuguesa. Nova e renovadora. De fortes influências tradicionais, a acção de Fausto ajudou a reinventar a música popular portuguesa; criativo, deu-lhe uma vivacidade e luz que se sente na música e que se lê na poesia.
Sobre “18 Canções de Amor e Mais Uma de Ressentido Protesto”, já sabemos o que é – o título ajuda muito. É uma compilação temática com 18 das mais belas canções de amor que Fausto interpretou e registou na sua já longa discografia – às quais o autor juntou ainda uma de “ressentido protesto“. Obviamente, não há grandes novidades, esta é uma antologia com uma carácter específico, que deixa de fora toda uma outra riqueza da obra de Fausto que trespassa o tema do amor. Claro que para ouvir essa outra riqueza, temos sempre a extensa discografia do músico – obrigatória. Aqui, é só amor, ou como quem diz, é tudo.
Tudo isto e quatro anos após o lançamento de “A Ópera Mágica do Cantor Maldito” (SonyBMG, 2003), para nos deixar de água na boca, à espera de algo mais que o músico já confirmou estar a preparar.
Sempre brilhante, este contador de histórias.
P.S.: Incrível como estas minhas sínteses saem sempre tão pouco sintéticas; Fausto ajuda.
“18 Canções de Amor e Mais Uma de Ressentido Protesto” – Fausto (SonyBMG, 2007)
Popular
fausto.blogtok.com (não oficial)