“A ideia de cura sugere tratamento, remédio, um processo de restauração de saúde de um organismo doente, desequilibrado. Se existe processo de recuperação, a questão foca-se em descobrir o problema. A solução talvez esteja na procura de tranquilidades básicas que controlam o interior dos organismos, ou nos processos reguladores que trazem ordem a um caos instalado.

A cura é uma negação do problema; uma negação da negação que suprime aquilo que é estranho a um sistema saudável. A cura é um acto de violência saudável. É na exploração desta violência que se situa a sonoridade de Sturqen neste álbum, onde o som vive de uma dureza que atrai por ser feia, crua e muitas vezes imprevisível. Tal como um tratamento, a experiência de Sturqen está dependente do ouvinte que se sujeita voluntariamente a algum desconforto. Os resultados surgem sem segundas oportunidades.

A música tanto pode ser mistério como resposta definitiva. Na bipolaridade de intensidades surge sempre alguma surpresa sedutoramente pulsante. É a vicissitude da desordem. Com uns musculados 52 minutos, Cura é o álbum mais diversificado de Sturqen até hoje. Uma viagem entre máquinas sujas que também produzem cores vivas e texturas agrestes e onde, no fim, o mundo orgânico afinal não é tão distante ou incompatível com um rigor mecânico que se podia imaginar inquebrável.” – Nota de Imprensa

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.

2 thoughts on ““Cura” pelos Sturqen”
  1. e porque não, experimentarem nomes exaustivamente longos para as faixas, ao invés de nomes super curtos ggoyce vs backett, no fundo? :D

  2. um techno/idm industrial, muito bem trabalho quer a nível de conteúdo formal, rítmico, etc., quer a nível de sound design, mistura e masterização. sem dúvida um dos melhores grupos de musica electronica em portugal. com um trabalho ao nível de labels como a raster noton ou a kompakt

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