Será possível ser trucidado, violentamente, e regressar ao mundo dos vivos em cerca de 58 minutos? Obviamente que sim!
A resposta não é difícil e encontra-se no último álbum dos Bizarra Locomotiva, o histórico colectivo de Rui Sidónio (voz), Miguel Fonseca (guitarras), BJ (maquinaria) e Rui Berton (bateria). Não que esta locomotiva tenha surgido com uma força motora desconhecida, nada disso, mas antes porque se mantém, após tantos anos de luta, com a mesma energia – em alguns casos com mais ainda; isto é, com a mesma brutalidade. Se é verdade que parte desta brutalidade se centra na voz atemorizadora de Rui Sidónio, não é menos verdade que a música desta Bizarra Locomotiva continua sufocante, sôfrega no caminho que palmilha. Um sufoco que se mantém faixa após faixa, sem nunca perder gás, sem nunca nos deixar baixar a guarda. É o peso da maquinaria. Angustiante, este “Álbum Negro” simboliza a eterna e sombria claustrofobia dos Bizarra Locomotiva; uma negritude arrepiante que percorre de um estranho prazer as 14 faixas do disco. Quase sempre de uma densidade furiosa, “Álbum Negro” acentua a posição de charneira dos Bizarra Locomotiva no panorama da electrónica industrial nacional. Sem esforço. Na verdade, 15 anos passados e ao sexto álbum, a violência do som dos Bizarra Locomotiva continua intacta, ao mesmo tempo que as capacidades agitadoras de Rui Sidónio se mantém ao mais alto nível. Vigoroso e cativante, o single “Anjo exilado” é apenas um pequeno exemplo desse estado de alma – com a participação especial de Fernando Ribeiro (Moonspell).
O ódio e a dor estão de volta, com uns Bizarra Locomotiva iguais a si mesmos. Pujantes.
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“Álbum Negro” – Bizarra Locomotiva (Raging Planet, 2009)
01 Nostromo
02 Êxtases doirados
03 Remorso
04 O Anjo exilado
05 Ergástulo
06 Sufoco de vénus
07 A procissão dos édipos
08 Engodo
09 Láudano 3
10 Outono
11 Egodescentralizado
12 Angústia
13 O grito
14 Prótese
www.bizarralocomotiva.com
www.ragingplanet.web.pt
[…] Quase sempre de uma densidade furiosa, “Álbum Negro” acentua a posição de charneira dos Bizarra Locomotiva no panorama da electrónica industrial nacional.” (a trompa) […]
Continuam a ser a grande banda industrial nacional, a maior. Disso não há dúvidas. Lamento no entanto que não tenham conseguido mais uma vez igualar o excelente “Homem máquina”.
Sim, mas ele continuam por aí :)