De novo, como um espírito demente à solta…
Tivesse eu tempo para me entregar inteiro a todo o dramatismo de Mécanosphère; tivesse eu tempo e disponibilidade para perceber a fundo que prato me é servido em tal refeição, por tal máquina em sofrimento, às vezes infinito, por cada estalo implacável. Por cada estalo, ainda que mais doce.
O prolongamento de “Mécanosphère” (2003) e “Bailarina” (2004) é por natureza tão áspero quanto estes, tão espiritualmente free como estes, tão pesado ao ouvido como os anteriores – um pouco menos, ficamos até com a ideia que a máquina vai largando o negro e ganhando feições mais cinzentonas, o que também não é necessariamente mau. É música para espíritos livres e ocasionalmente despertos para um parto lento e doloroso. Está lá parte da electrónica industrial habitual, o free jazz nos espantosos “Circus Gone” I e II, a explosão sónica, às vezes desligada, adormecida, insconscientemente capaz de provocar a dor – também de prazer. Com uma poética menos presente, o que Benjamim Bréjon, Scott Nydegger e Le Pilot Rouge (com Henrique Fernandes e Scott Mackay) transmitem é uma imensa experiência sensorial, não muito fácil de assimilar, por vezes, mas uma experiência forte, poderosa, capaz de um KO ao primeiro assalto. Mas tem também combates com todos os assaltos. Furiosa a forma como a electrónica se continua cruzar com a percussão, as cordas e com tudo o que é despoletado pelos músculos, pela carne – o orgânico e o electrónico, juntos. Aparte disto, “Limb Shop” surge-nos mais ambiental, quase introspectivo, a espaços, sonolento enquanto a temperatura não dispara. Mais simbólico, figurativo, mais melódico também , tem na pouca expressividade poética de Adolfo Luxúria parte da razão do seu maior experimentalismo; é uma ideia mais abstracta, que deixa mais espaço para a criação imagética única e pessoal – mais disponível para a liberdade de ouvir e sentir.
É o pequeno caos que se recomenda…
Tivesse eu tempo para me entregar inteiro a todo o dramatismo de Mécanosphère; tivesse eu tempo e disponibilidade para perceber a fundo que prato me é servido em tal refeição, por tal máquina em sofrimento, às vezes infinito, por cada estalo implacável. Por cada estalo, ainda que mais doce.
O prolongamento de “Mécanosphère” (2003) e “Bailarina” (2004) é por natureza tão áspero quanto estes, tão espiritualmente free como estes, tão pesado ao ouvido como os anteriores – um pouco menos, ficamos até com a ideia que a máquina vai largando o negro e ganhando feições mais cinzentonas, o que também não é necessariamente mau. É música para espíritos livres e ocasionalmente despertos para um parto lento e doloroso. Está lá parte da electrónica industrial habitual, o free jazz nos espantosos “Circus Gone” I e II, a explosão sónica, às vezes desligada, adormecida, insconscientemente capaz de provocar a dor – também de prazer. Com uma poética menos presente, o que Benjamim Bréjon, Scott Nydegger e Le Pilot Rouge (com Henrique Fernandes e Scott Mackay) transmitem é uma imensa experiência sensorial, não muito fácil de assimilar, por vezes, mas uma experiência forte, poderosa, capaz de um KO ao primeiro assalto. Mas tem também combates com todos os assaltos. Furiosa a forma como a electrónica se continua cruzar com a percussão, as cordas e com tudo o que é despoletado pelos músculos, pela carne – o orgânico e o electrónico, juntos. Aparte disto, “Limb Shop” surge-nos mais ambiental, quase introspectivo, a espaços, sonolento enquanto a temperatura não dispara. Mais simbólico, figurativo, mais melódico também , tem na pouca expressividade poética de Adolfo Luxúria parte da razão do seu maior experimentalismo; é uma ideia mais abstracta, que deixa mais espaço para a criação imagética única e pessoal – mais disponível para a liberdade de ouvir e sentir.
É o pequeno caos que se recomenda…
Ouvir algumas amostras de “Limb Shop”.
“Limb Shop” – Mécanosphère (2005/Raging Planet)
01 Phantom Limbs
02 Mutilation Site
03 Diagram of Bones
04 Coagulate
05 Circus Gone I
06 Circus Gone II
07 Types of Aberration Dub
08 Khlebnikov
09 Radial Light
Industrial/Experimental
www.mecanosphere.org