Sobre o último disco dos Arcade Fire, Luís Guerra escreveu na última edição da revista Blitz que era “impressionante, sim, mas a apanhar toda a gente de capacete na cabeça” (pág.96). Pois bem, quase que arriscava a dizer o mesmo sobre o belíssimo “The Temple Bell”. Comovente.
Naturalmente, não é assim tão simples. Os anteriores “April” (2003) e “Twice the Humbling Sun” (2005), colocaram a fasquia muito alta, é praticamente um facto; responsabilidade – relativa, obviamente – à qual Francisco Silva foi respondendo positivamente, crescendo exponencialmente a cada pequeno passo.
Pedro Mexia refere que “no essencial, nada mudou: são canções tendencialmente narrativas, um lamento gentil e às vezes desolado, um melodismo dolente que acompanha textos longos, uma espécie de confessionalismo tímido. Estas onze canções são como que um diagnóstico dos estádios de uma relação amorosa“. Sim, no âmago da coisa em si, nada mudou, na expressividade, já não tenho tanta certeza. Tenho para mim que “The Temple Bell” é ainda melhor que os discos anteriores; já não há espaço para a surpresa – é um facto, a hora agora é de racionalizar o prazer desmedido que a música de Old Jerusalem continua a oferecer – com facilidade. Aí, na assunção dessa racionalidade, “The Temple Bell” descobre-se como um disco completo, musicalmente repleto, instrumentalmente absorvente.
O lamento é o mesmo, o rigor das palavras e dos sentimentos mantém-se mas as melodias aparecem agora mais trabalhadas, os arranjos mais complexos; com uma beleza ainda maior. A melancolia de sempre tem agora outras cores, mais cores, mais luz. Mais seguro mas com a mesma crueza de sentimentos, a mesma profundidade, Old Jerusalem oferece-nos com a simplicidade que se lhe reconhece, uma nova e pequena pérola sonora; luzidia, um novo desenho folk enfeitado pela candura com que tudo parece brilhar por entre as palavras que sopra.
Já de capacete enfiado – é certo, ainda assim, “The Temple Bell” vem apurar-nos o paladar. Aquele paladar…
Naturalmente, não é assim tão simples. Os anteriores “April” (2003) e “Twice the Humbling Sun” (2005), colocaram a fasquia muito alta, é praticamente um facto; responsabilidade – relativa, obviamente – à qual Francisco Silva foi respondendo positivamente, crescendo exponencialmente a cada pequeno passo.
Pedro Mexia refere que “no essencial, nada mudou: são canções tendencialmente narrativas, um lamento gentil e às vezes desolado, um melodismo dolente que acompanha textos longos, uma espécie de confessionalismo tímido. Estas onze canções são como que um diagnóstico dos estádios de uma relação amorosa“. Sim, no âmago da coisa em si, nada mudou, na expressividade, já não tenho tanta certeza. Tenho para mim que “The Temple Bell” é ainda melhor que os discos anteriores; já não há espaço para a surpresa – é um facto, a hora agora é de racionalizar o prazer desmedido que a música de Old Jerusalem continua a oferecer – com facilidade. Aí, na assunção dessa racionalidade, “The Temple Bell” descobre-se como um disco completo, musicalmente repleto, instrumentalmente absorvente.
O lamento é o mesmo, o rigor das palavras e dos sentimentos mantém-se mas as melodias aparecem agora mais trabalhadas, os arranjos mais complexos; com uma beleza ainda maior. A melancolia de sempre tem agora outras cores, mais cores, mais luz. Mais seguro mas com a mesma crueza de sentimentos, a mesma profundidade, Old Jerusalem oferece-nos com a simplicidade que se lhe reconhece, uma nova e pequena pérola sonora; luzidia, um novo desenho folk enfeitado pela candura com que tudo parece brilhar por entre as palavras que sopra.
Já de capacete enfiado – é certo, ainda assim, “The Temple Bell” vem apurar-nos o paladar. Aquele paladar…
Ouvir três dos novos temas de “The Temple Bell”.
“The Temple Bell” – Old Jerusalem (Bor Land, 2007)
01. Her Scarf
02. Dayspring (Go To Sleep, Now)
03. Ruler of My Heart
04. Grasshoppers
05. Boxes
06. Lunar Calendar
07. Arts Center
08. Summer of Some Odd Year
09. Love & Cows
10. Time Time Time
11. Twice the Humbling Sun
Folk Rock
www.oldjerusalem.net
www.myspace.com/oldj
www.bor-land.com