Quando o ligeiro ganha feições de um classicismo e ou de um modernismo inesperados…nem imaginando.
Podia ser um subtítulo de “Ver Sons”, disco de estreia dos Rádio Clube Nora (Daniela Maia na voz, Elizabete Gomes no violino, Jorge Alves na viola de arco, Bruno Cardoso no violoncelo, Hugo Carvalhais no contrabaixo e baixo e João Mascarenhas no piano, Rhodes e samples), mas é apenas uma rápida, pura e simples constatação do desconstruído imaginário universo musical nacional dos anos 60/70 onde mergulha este sexteto. Feliz mergulho.
Deambulando por entre alguns dos maiores clássicos do nacional-cançonetismo – mas não só, os Rádio Clube Nora conseguem algo surpreendente; revestem temas históricos de uma pele absolutamente luminosa e de forma quase inesperada. O modo como algumas destas canções – algumas bem popularuchas – ganham uma outra seriedade estética, faz de “Ver Sons”, projecto exigente, uma experiência de relativa mas interessante originalidade. Nem sempre muito coerente, na forma como se viaja em termos de arranjo do mais clássico ao mais modernista – na introdução da electrónica, por exemplo, o que ressalta de facto, é, o extraordinário bom gosto na recomposição destes temas; de forma que, sobram 11canções ternas, doces, 11 excelentes recriações, em parte, fruto dos excelentes arranjos de João Mascarenhas. No fim, podemos ainda deliciar-nos com dois originais dos Rádio Clube Nora, estes, num registo mais jazzy.
Mas é também apaixonante. “Ver Sons” é desde logo um disco clássico, instrumentalmente e às vezes; porque outras vezes, é também um disco jazz; porque outras vezes, ainda, não nega a forte utilização de alguma electrónica (programação/sampling) na reinvenção destes temas. É também aqui, nesta capacidade de grande modernização de temas tão gastos pelo tempo, que emana toda a luz de “Ver Sons”. Numa orquestração quase sempre curiosa, irrepreensível, despertada naturalmente pelo temas que invocam, há nesta uma ideia de constante intimismo a vir ao de cimo. A voz ajuda.
Admitindo que alguns puristas acharão pouca graça a algumas das versões, o facto é que “Ver Sons” prova na prática como a música é um solo sem limites, um campo imenso pronto a ser explorado, desconstruído, reconstruído, vivido – bem vivido.
No fim, deve voltar a referir-se a excelência do laborioso trabalho instrumental, do papel da electrónica e do piano, da forma como se encaixam perfeitamente na magnitude do quarteto de cordas e por fim, como acalmam, amaciados pela voz jovem de Daniela Maia. A música portuguesa de sempre, mas de outra forma, fresca, moderna, muito, muito agradável.
“Ver Sons” é um bom momento de descontração.
Podia ser um subtítulo de “Ver Sons”, disco de estreia dos Rádio Clube Nora (Daniela Maia na voz, Elizabete Gomes no violino, Jorge Alves na viola de arco, Bruno Cardoso no violoncelo, Hugo Carvalhais no contrabaixo e baixo e João Mascarenhas no piano, Rhodes e samples), mas é apenas uma rápida, pura e simples constatação do desconstruído imaginário universo musical nacional dos anos 60/70 onde mergulha este sexteto. Feliz mergulho.
Deambulando por entre alguns dos maiores clássicos do nacional-cançonetismo – mas não só, os Rádio Clube Nora conseguem algo surpreendente; revestem temas históricos de uma pele absolutamente luminosa e de forma quase inesperada. O modo como algumas destas canções – algumas bem popularuchas – ganham uma outra seriedade estética, faz de “Ver Sons”, projecto exigente, uma experiência de relativa mas interessante originalidade. Nem sempre muito coerente, na forma como se viaja em termos de arranjo do mais clássico ao mais modernista – na introdução da electrónica, por exemplo, o que ressalta de facto, é, o extraordinário bom gosto na recomposição destes temas; de forma que, sobram 11canções ternas, doces, 11 excelentes recriações, em parte, fruto dos excelentes arranjos de João Mascarenhas. No fim, podemos ainda deliciar-nos com dois originais dos Rádio Clube Nora, estes, num registo mais jazzy.
Mas é também apaixonante. “Ver Sons” é desde logo um disco clássico, instrumentalmente e às vezes; porque outras vezes, é também um disco jazz; porque outras vezes, ainda, não nega a forte utilização de alguma electrónica (programação/sampling) na reinvenção destes temas. É também aqui, nesta capacidade de grande modernização de temas tão gastos pelo tempo, que emana toda a luz de “Ver Sons”. Numa orquestração quase sempre curiosa, irrepreensível, despertada naturalmente pelo temas que invocam, há nesta uma ideia de constante intimismo a vir ao de cimo. A voz ajuda.
Admitindo que alguns puristas acharão pouca graça a algumas das versões, o facto é que “Ver Sons” prova na prática como a música é um solo sem limites, um campo imenso pronto a ser explorado, desconstruído, reconstruído, vivido – bem vivido.
No fim, deve voltar a referir-se a excelência do laborioso trabalho instrumental, do papel da electrónica e do piano, da forma como se encaixam perfeitamente na magnitude do quarteto de cordas e por fim, como acalmam, amaciados pela voz jovem de Daniela Maia. A música portuguesa de sempre, mas de outra forma, fresca, moderna, muito, muito agradável.
“Ver Sons” é um bom momento de descontração.
Ouvir algumas amostras de “Ver Sons”.
“Ver Sons” – Rádio Clube Nora (Artez, 2006)
01 Pó de Arroz
02 Estrela da Tarde
03 Olhos Castanhos
04 E Depois do Adeus
05 Cavalo à Solta
06 Desfolhada
07 Canção de Madrugar
08 Telepatia
09 Óculos de Sol
10 O Vento Mudou
11 Ele e Ela
12 Traição
13 Bagos de Mel
Alternativa
radioclubenora.blog.com
[…] e por João Mascarenhas no piano e Carl Minnemann no contrabaixo (os dois primeiros, do projecto Rádio Clube Nora). Depois, é deixar correr o som sob a voz bela de Daniela Maia. Do Porto, com muitos sons da […]