Compositor e pianista, investigador e experimentalista, Simão Costa passou por 2014 deixando-nos no bornal uma obra de irrequieta criatividade e estranha vivacidade. Não é surpresa esta vontade indómita de Simão Costa (piano, altifalantes transdutores e objectos) em cruzar o seu piano com outras energias sonoras, viajando do acústico ao eléctrico, com passagem fundamental pelo electrónico e pela nova tecnologia. O importante é conectar realidades, espremê-las energicamente até ao seu âmago. Sentir-lhes a respiração. É o piano que domina em “π_ano Pre·cau·tion Per·cu·ssion on Short Circuit” (Shhpuma, 2014), não de uma forma extremista, mas de uma forma livre, disponível para encarnar outras carnes, para deixar correr em si outros sangues. Não é um fim em si mesmo, este piano, é um ponto de passagem, de intercepção de linguagens e diálogos estranhos, às vezes inesperados, que ao longo do disco se vão entrelaçando, surpreendentemente, numa contenda de contemporânea sedução. Sedutora estranheza, esta.
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