A história de “Heavy Mental” tem tudo a ver com a história de uma guitarra. De um guitarra imaginada por Vítor Rua, com alguma ajuda inicial de Jorge Lima Barreto e do homem que a viria a construir, o reconhecido luthier Gil Oliveira. “Heavy Mental” é preenchido na sua totalidade por essa nova guitarra, um instrumento electro-acústico de dezoito cordas, seis de nylon e doze de metal, com dois equalizadores independentes.
Mas a história de “Heavy Mental” também tem tudo a ver com a história de uma espera. Tem tudo a ver com a espera pela chegada da nova guitarra, sendo este disco o resultado claro de alguma ansiedade; de algum desejo. Porque é um disco de ansiedades, de incertezas face à perspectiva de um novo amor. De uma nova relação finalmente encetada. O disco foi gravado em 1999, no exacto dia em que Vítor Rua chegou com ela a casa. Foi só afinar, ligar à mesa e pôr a gravar. Em tempo real, tudo num primeiro olhar. E que olhar!
Ansiedades desfeitas, foi amor à primeira vista. Porque é isso mesmo. “Heavy Mental” é o resultado da ansiedade ultrapassada num primeiro encontro amoroso, há muito desejado; imaginado. Em “Heavy Mental”, ficámos a saber que foi realmente amor à primeira vista. É um enérgico desfilar sonoro, cenário de uma relação quase perfeita, de emoções sintónicas entre o sonhador e o seu sonho. Percebe-se, do princípio ao fim, que este foi um sonho por demais sonhado, tal a mestria com que Vítor Rua explora desde logo todas as potencialidades do seu novo instrumento. E são muitas, as variações electro-acústicas proporcionadas por esta nova guitarra.
A arte do improviso em mais um grande momento de Vítor Rua. Grande disco.
Vítor Rua – “Heavy Mental” (Orfeu, 2011) | EXPERIMENTAL | Ouvir Vítor Rua
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