Ouve-se “Rocky Grounds, Big Sky” e pergunta-se: quem sou, por onde ando?
De repente não se entende por onde andamos ao ouvir “Rocky Grounds, Big Sky”. A paisagem envolvente é-nos naturalmente tão estranha que dificulta a normal assunção da noção de tempo e espaço. De enquadramento. Há uma realidade palpitante que não é nossa, feliz, concertada, belissimamente interpretada mas estranha. Esteticamente não é nossa. Esteticamente. Bem vindos ao universo lírico de Paulo Miranda & Cia e dos Unplayable Sofa Guitar.
Ao fim do segundo álbum de originais, a “banda” de Paulo Miranda parece definitivamente afirmar-se e assumir o trilho a seguir. Ana Figueiras mantém-se como a voz que comanda a mensagem dos Unplayable Sofa Guitar e Francisco Silva (Old Jerusalem) assume-se como o terceiro elemento. O tal elemento, o da consistência absoluta.
“Rocky Grounds, Big Sky” é um mergulho profundo e sem rodeios nas raízes do country americano. O que torna este country especial? – a visão alternativa do mesmo. O som de fundo antigo, firmado nas imagens rurais de uma américa antiga, é também e pelo contrário, composto em redor de uma tez de fundo alternativo. Baseado no uso inteligente do sintetizador e do computador, este som apoia-se em definitivo neste equilíbro simples e ténue de um country de teor alternativo. Não há grande variação estética entre temas, há sim um conjunto de canções fortes que conduzem a um conceito inicialmente pensado, bem interpretado e de fundo emocional, que conferem a este trabalho dos Unplayable Sofa Guitar uma imagem de profunda consistência.
No fim, repetindo a audição pela terceira, quarta e décima vez, a sensação mantém-se: por onde andas, de onde vens e para onde vais?
– da América para o mundo!

Por AQUI podem ser ouvidos alguns dos temas do disco (depois de entrar clicar em catálogo).