Há músicos, grupos e músicas que não enganam nem enfadam; nem agora nem nunca: os Gaiteiros de Lisboa são um deles, sem dúvida.
Os Gaiteiros de Lisboa formaram-se em 1991, sendo actualmente compostos por Carlos Guerreiro, José Manuel David, José Salgueiro, Paulo Charneca, Paulo Marinho, Pedro Casaes e Rui Vaz, músicos de uma já extensa e profícua experiência em volta da música popular ou tradicional.
Hoje, volta e meia e respondendo ao chamamento das raízes, apeteceu-me ouvir um daqueles sons, daqueles que nascem bem lá do fundo, do fundo da terra, da terra quente. Brilhantes.
Álbum de estreia dos Gaiteiros de Lisboa e com colaboração activa de José Mário Branco (o primeiro concerto seria com este no dia 21 de Maio de 1994), estas “Invasões Bárbaras” marcaram o abrir caminho para um dos grupos de música de cariz tradicional mais importantes e estimulantes do nosso pedaço. Fundamentais. Em disco, ao vivo…sempre.
O som que se ouve não é só daqui, é dali e de todo o lado, de todo o mundo. É o som universal numa harmonia pura e arrepiante. Não são sons encerrados num passado longínquo, antes pelo contrário, são invasões, cavalgadas heróicas rumo à modernidade, rumo ao som e à vontade dos nossos tempos. Surpreedente a articulação de instrumentos entre si e entre vozes, levando a que canções de origem marcadamente popular se traduzam inequivocamente em recreações de uma actualidade e qualidade indestrutíveis. Exagero?, não…
É assim hoje e já o era em 1995.

Ouvir excertos de temas de vários álbuns: “Subir Subir”, “Sarandilheira”, “Cantiga de Quadras” e “O Tejo Corre no Tejo”.