Ao fim de 14 anos de carreira, “Drama Box” é o oitavo disco da vida de Mísia; num novo exercicío de excelência, com produção da própria.
Pairando suavemente por entre o fado mas não só, por entre o bolero e o tango, Mísia impõem-se com a personalidade que se lhe reconhece, atacando o que há para atacar com aquele carisma, com aquela pose de quem sabe sempre o que quer, de quem sabe sempre o que faz. “Drama Box” não é só fado, “Drama Box” é só prazer, e para além disso, está muito bem feito.
E a poesia mantém-se. Central na carreira de Mísia, também aqui a poesia inédita de Vasco Graça Moura, Rosa Lobato Faria, Paulo José Miranda e José Luís Peixoto têm um papel fulcral. São inéditos que servem para conferir aquele traço de modernidade que a música de Mísia se alimenta e tão bem transmite. Também Natália Correia e José Saramago são aqui cantados.
“Drama Box” comprova Mísia como a fadista de referência que é, artista duplamente condecorada por terras de França e que tal como outros, triunfa. Cá e por lá, por terras da Europa e da América, Mísia é hoje uma figura incontornável dessa tal por vezes tão longíqua portugalidade.
Imageticamente teatral, “Drama Box” tem em “Fogo Preso” de Vasco Graça Moura, aqui dito pelas actrizes Maria de Medeiros, Fanny Ardant, Carmen Maura, Miranda Richardson e Ute Lemper, a sua pérola. O momento alto.
É um disco maduro, feito de talento, de paixão…de desejo.