“Rock’n’Roll simples, cru, sem artifícios onde a guitarra brilha, ou tenta…buscar o caminho” (A Trompa, 2 Abril sobre “Hurt”)
A audição por inteiro da “Demo 2003” dos Slapdash confirma quase na totalidade o que foi dito há um mês neste espaço.
Estamos na presença de um grupo que se assume essencialmente como praticante de Rock’n’Roll, notando-se aqui e ali, quase sempre, alguma tendência para acelerar o ritmo. Há algum mal nisso? Talvez! Os temas “Misery” e “Stay Away” são exemplos de alguma fuga à matriz principal que o grupo parece trilhar, o primeiro pela utilização de alguns efeitos e algum scratch numa piscadela de olho a outras sonoridades, o segundo pela experiência bem sucedida ao nível dos efeitos de voz.
Sendo um trabalho consistente, de um rock simples, crú e onde os arranjos surgem até interessantes, o ponto menos positivo é mesmo a voz. Falta rudeza, falta alguma sujidade vocal para enquadrar na plenitude o tipo de som que os Slapdash produzem. Temas como “They say” e “Sweet&Lovely” ressentem-se nitidamente disso.
Importante, muito importante é o papel da guitarra, quase sempre o grande sustentáculo do som do grupo.
Essencialmente nota-se alguma indefinição estilística, nota-se até alguma urgência nessa definição, nesse encontrar do caminho, até pelo perigo iminente de suscitar um vazio. O som dos Slapdash peca pela pouca originalidade geral, é sempre possível criar algo (por pouco que seja) dentro do já criado. Num conjunto de melodias razoavelmente produzidas e interpretadas, estas vivem necessitadas de uma colocação de voz mais madura, mais crua. Há que experimentar muito mais, vocalmente…
O tema “Stay Away”, o mais interessante da demo, ganha particularmente por essa experimentação e mostra-nos um caminho possível de trilhar por um grupo com capacidades para o fazer, com alguma facilidade…