CRÍTICA“Sede” – Jorge Cruz
já nem se lembra de mim
eu estou tão diferente
que até dá vontade de rir
e nada me diz
que eu vá sair daqui
na terra onde o sol se põe
com tons de rubi
até os cães a ladrar
me lembram de ti”(in “balada da sede”)
Assim começa.
Gosto de discos simples, feito de canções simples, simplesmente belas. Discos onde palavra se enrosca nas notas com um fim certo, o fim de contar uma história. A nossa história. “Sede” conta nove histórias, simples, pessoais, quase sempre tristes, muito pessoais; canções próprias de alguém num constante diálogo com a guitarra, com a vida.
O álbum “Sede” é um disco marcadamente acústico que conta com a participação de vários convidados (André Indiana, Hugo Correia (Fadomorse), Carl Minnemann (André Indiana), Alexandre Mano (Superego), Nuno Reis (Nu Naked Soundz, Cool Hipnoise, Ena Pá 2000) que vêm conferir ao disco mais cor e alguma profundidade sonora, nunca se perdendo no entanto, toda a forma da voz, da palavra e do som acústico da guitarra, como elementos motrizes de uma mensagem chorada, compassadamente gritada e em revolta. Interior. É um disco sobre o amor, o bom o mau, o certo o incerto, a procura a desilusão; não se fazem muitos discos onde a palavra tenha a força como tem neste “Sede”; como tem neste e teve noutros discos de Jorge Cruz (com os Superego e como O Pequeno Aquiles).
É um disco cantado com tristeza, apaixonado, feito de amores errantes, difíceis, marcados pela amargura da desilusão, cantado como a vida. Com altos e baixos. Acima de tudo é um disco honesto, não é um disco perfeito mas é um disco coerente no seu objectivo, sincero na sua mensagem.
“Fado de uma rua qualquer” é fascinante…
“Sede” – Jorge Cruz (2004/Nortesul)
01 Balada da sede
02 Lua no meio
03 Adriana
04 Fado de uma rua qualquer
05 Perdas e danos
06 Setembro, 18
07 Canção da tua rua
08 Brincar com fogo
09 Roupas (parte 2)