A revolta do careto!
Qual extraterrestre caído estampado, e pela segunda vez, neste palmo de terra banhado por um mar azul, solarengo…quase sempre. Primeiro gritou-se o fado, agora, vem o entrudo, extraordinariamente bem embalado e aproveitando metaforicamente para caracterizar a palhaçada que por aí grassa. Por aí…
Não é de fácil audição nem possui uma estética facilmente entendível; no entanto, a arte deste Fadomorse mostra-se mais coerente, consistente, mais organizada nos objectivos, mais esclarecida na sua expressão: criação, Intervenção, evolução. Há uma vontade enorme de evoluir, criar a novidade, demarcar-se pela diferença, mesmo que isso os leve definitivamente à indiferença das massas. De ambas. A razão estética de fundir música moderna com música tradicional, tem nos Fadomorse a sua maior expressão dentro da nossa música, levando a que cada audição deste “Entrudo” (e já o era em “Gritar o Fado”) seja uma momento de libertação da imaginação, experiência sonora arrasadora. Interrogativa: o que é isto? O tema “Entrudo” é brilhante (23m25s), tal a quantidade de influências, ritmos e formas que se espraiem. Tudo ligado, é fenomenal.
Não deixa de ser estranho. Explicado não chega, é preciso ouvir. É preciso ouvir como se cruzam, como se fundem o pop-rock com o fado, com o hip-hop, com a música tradicional, com…, com…, com…e mais com, ouvindo acordes de guitarra portuguesa esvairem-se em rimas ditas, em linhas gritadas. É definitivamente diferente, arrojado e arriscado. Não deixa de ser estranho, há funk, há blues, há hard-rock, há fantasia e criação sem limites, sem barreiras nem fronteiras. E depois há as vozes do povo, de um povo….
Originalmente previsto para ser gravado em dois concertos ao vivo em Aveiro, tal acabou por não se concretizar devido a alguns problemas técnicos ocorridos na captação de som. Este acabou por ser gravado ao vivo nos estudios MB, nos dias 2 e 3 de Junho de 2003.
“Dedicado a Todo o Povo Transmontano”.