O que se vê na música de Orphelia?
Resquícios de engrenagens que já fluíram, de calha em calha, outrora parte de um mecanismo apurado, aprimorado ao longo de épocas e afinado ao pormenor. Rodas que rodaram arrastando em repetitivo ruminar de uma realidade rotineira… Hoje invadidas pela natureza, hoje paredes de salas de pastos.
Entre as máquinas, um raio vermelho brilha, e o olhar atento revela dois olhos insurrectos, que placidamente se passeiam.
Que sabor tem a música de Orphelia?
Sabe ao pasto de uma manhã quase orvalhada, fresquinho e tenro.
Que som tem a música de Orphelia?
Ecos passados de sons que noutros tempos se repetiam maquinalmente, sons de metal que choca metal, sons de vapores constritos que se libertam, sons de martelos que moldam… Ecos que se misturam com sons de vazios vivos.
O que se sente quando se toca na música de Orphelia?
Texturas de uma indústria perdida, desgastadas pela natureza que a invade. Ora ferrugem, ora musgo, ora espinhos, ora pétalas.
Que aroma tem a música de Orphelia?
Erva fresca e ferrugem, com um toquezinho de floral e óleo.
O que se intui da música de Orphelia?
Há por ali algo que não bate certo.
// Ano de Nascimento: 2001;
// Localidade: Amadora;
// Composição:
– Japur – voz e guitarra; D’Lay – guitarra; Tiago – baixo e pianos; Hugo – bateria.
// Discografia:
– “Orphelia” (Graphonola Records, 2006).