SINGLES&EP’S|"Xing Palace Place" – AbztraQt Sir Q

Avarias ou aquela querida demência?
“Xing Palace Place” é uma ‘coisa’ pouco ortodoxa, pouco; pouco, muito pouco convencional, no sentido da normalidade – esse complexo sentido. Diz-se aqui ‘coisa’ não num sentido depreciativo, mas diz-se aqui ‘coisa’ no sentido do objecto artístico que se firma um pouco para lá da música dita normal – esse complexo conceito, aqui só para facilitar o entendimento, o normal pop ; discutível, obviamente.
Em 2005, das difíceis cinzas dos Abstrakt Circle, Peter Shuy forma com três novas personagens aquilo a que chamaria de AbztraQt Sir Q: o baterista Andy Newman, o baixista Egon Crippa e a vocalista Mundina Moruniq, formam o elenco tão bizarro e excêntrico, quão bizarra e excêntrica chega a ser a música que os define e os distingue; se há alguma semelhança estética com os anteriores Abstrakt Circle? Penso que sim…
Bem sentado e confortável entre o simbólico e o experimental, “Xing Palace Place” e o belo jardim que o rodeia, é colorido por uma mistura forte de sons mais ou menos naturais, muitas vezes, mais ou menos eléctricos, quase sempre, mais ou menos digitais; mais ou menos…quase sempre colocado entre o ténue equilíbrio e o desequilíbrio da sua própria expressividade. Obviamente experimental, de fundo teatral e sustentado por uma interpreção vocal meio apunkalhada, o trio de temas que enche “Xing Palace Place” – e são apenas três – é também uma insinuação urbanamente ruidosa de uma realidade louca e difusa, aqui representada ao limite. Este é, naturalmente, um objecto estético muito próprio, assente na recorrente construção e desconstrução do ambiente sonoro de canções que nunca o chegaram a ser – nem chegarão. Surreal quanto baste, este é apenas o início, a representação inicial da aventura de alguns meses de trabalho, aqui representados por três dos temas ensaiados pela banda na sua sala de ensaios…a ideia não é fácil, mas agora, espera-se pela continuidade.
Para quem gosta de experimentar coisas diferentes…