“Metamorphosia” ou o acto contínuo da reinvenção, a cada instante, a cada faixa, sem ponta de evasão: Festival Fantasia Kubik ou um Beirão no País das Maravilhas. Será sempre uma grande experiência!
Devo afirmar desde já, e quase naturalmente, que “Metamorphosia” não teve em mim o mesmo efeito que “Oblique Musique”. Não foi melhor, não foi pior, foi apenas diferente, acima de tudo foi o factor surpresa que deixou de existir, já que as emoções, essas, são felizmente repetíveis. As emoções e a curiosidade. Enquanto o Kubik de “Oblique Musique” irrompe por nós sem eira nem beira, deixando-nos boquiabertos com tal arrojo, já “Metamorphosia” não tem desde logo esse impacto – em mim; é o disco da certeza, da produção mais apurada, é o disco onde a estética Kubikiana ganha consistência e acima de tudo coerência – ganha um mundo próprio. É importante assentar isto: há um planeta Kubik, um planeta parecido com outros planetas, mas que vagueia sozinho numa órbita quase pessoal. Este é o mundo de Kubik e “Metamorphosia” confirma-o indubitavelmente.
O prazer da reinvenção. Mesmo na normalidade do trabalho de Kubik (a.k.a. Victor Afonso), na regular continuidade estética do seu trabalho e da metodologia criativa que se mantém, este é um disco que se reinventa, que se recria em planos diferentes de faixa em faixa, criando pequenos e diversificados mundos que encaixam num ambiente só. Um festival num plano único. Podemos até imaginar pequeníssimas metragens em metamorfose.
A manutenção do método criativo ou a beleza de uma manta de retalhos. A electrónica de Kubik, sugada pelo seu activo experimentalismo, continua a fabricar, agora com uma minúcia cada vez maior, verdadeiras obras de “corte e costura” onde o prazer da colagem é renovado a cada instante, a cada imagem, a cada nova vida. O arrojo mantém-se, e mesmo agora inovando, ao dar a alguns dos temas um corpo sólido feito de palavras – tarefa brilhantemente desempenhada por Old Jerusalem e Adolfo Luxúria Canibal – a maturidade alcançada com o resultado final é incontrolavelmente visível.
Naturalmente, e para que não fiquem dúvidas, não é um disco de fácil assimilação – também não me parece ser essa uma preocupação de Kubik, é também ele um exercício de estilo, uma aventura sonora, é acima de tudo a confirmação de uma estética para o futuro.
Um dia, talvez toda a música venha a ser assim (exagerando…ou talvez não).
Este é o universo rico e misterioso de Kubik.
Devo afirmar desde já, e quase naturalmente, que “Metamorphosia” não teve em mim o mesmo efeito que “Oblique Musique”. Não foi melhor, não foi pior, foi apenas diferente, acima de tudo foi o factor surpresa que deixou de existir, já que as emoções, essas, são felizmente repetíveis. As emoções e a curiosidade. Enquanto o Kubik de “Oblique Musique” irrompe por nós sem eira nem beira, deixando-nos boquiabertos com tal arrojo, já “Metamorphosia” não tem desde logo esse impacto – em mim; é o disco da certeza, da produção mais apurada, é o disco onde a estética Kubikiana ganha consistência e acima de tudo coerência – ganha um mundo próprio. É importante assentar isto: há um planeta Kubik, um planeta parecido com outros planetas, mas que vagueia sozinho numa órbita quase pessoal. Este é o mundo de Kubik e “Metamorphosia” confirma-o indubitavelmente.
O prazer da reinvenção. Mesmo na normalidade do trabalho de Kubik (a.k.a. Victor Afonso), na regular continuidade estética do seu trabalho e da metodologia criativa que se mantém, este é um disco que se reinventa, que se recria em planos diferentes de faixa em faixa, criando pequenos e diversificados mundos que encaixam num ambiente só. Um festival num plano único. Podemos até imaginar pequeníssimas metragens em metamorfose.
A manutenção do método criativo ou a beleza de uma manta de retalhos. A electrónica de Kubik, sugada pelo seu activo experimentalismo, continua a fabricar, agora com uma minúcia cada vez maior, verdadeiras obras de “corte e costura” onde o prazer da colagem é renovado a cada instante, a cada imagem, a cada nova vida. O arrojo mantém-se, e mesmo agora inovando, ao dar a alguns dos temas um corpo sólido feito de palavras – tarefa brilhantemente desempenhada por Old Jerusalem e Adolfo Luxúria Canibal – a maturidade alcançada com o resultado final é incontrolavelmente visível.
Naturalmente, e para que não fiquem dúvidas, não é um disco de fácil assimilação – também não me parece ser essa uma preocupação de Kubik, é também ele um exercício de estilo, uma aventura sonora, é acima de tudo a confirmação de uma estética para o futuro.
Um dia, talvez toda a música venha a ser assim (exagerando…ou talvez não).
Este é o universo rico e misterioso de Kubik.
Espreitar “Metamorphosia”.
“Metamorphosia” – Kubik (2005/Zounds Records)
side_a
01 intro-in: shattering song
02 offertorium
03 sound nest
04 Cannibal vegetables
05 night and fog: ya!
06 i’m a vampire, i’m disgust
07 intro-middles:hitch song
side_b
08 touch of evil
09 etna
10 sweet
11 better look here
12 metamorphosia
13 era chegado o tempo
14 Intro-out: landscape song
Electrónica/Experimental
www.kubik.com.pt