OLHARES|"Crude" – Joana Machado

Joana Machado nasceu em 1978 no Funchal, Madeira. É uma jovem cantora de jazz – já com um enorme currículo, também noutros géneros – que fez já este ano a sua estreia em disco; saíu há pouco e “Crude” é o seu título. Isso, “Crude“.
Mas assim de repente, o que se pode esperar deste “Crude”?
Uma voz, um trio, uma viagem maravilhosa por lugares mais ou menos comuns do jazz, mas também por alguma da música dita de mais universal. Começou-se pelo fim…mas começou-se bem, não é um disco de rumo experimental, é essencialmente um disco bem construído e melhor interpretado.
Porque depois há também a voz, não só apenas uma voz, é também um instrumento…de canto fácil, límpido – tão simples que parece, nem tom acima nem tom abaixo, o certo, Joana Machado movimenta-se com grande singeleza por tonalidades e corpos tão diferentes como aqueles que a sua música pode oferecer, jazz ou não…de balanço brasileiro, de balanço clássico, sempre mas sempre, a perfeição em movimento. “Crude” apaixona pela simplicidade, pela crueza, pela pureza da interpretação – mesmo não oferecendo nada de especialmente novo ou inventivo.
Mas há também um trio de músicos com Afonso Pais à cabeça, guitarrista e director musical do álbum – e ainda compositor de dois temas; mas não é só, há também Bernardo Moreira no contrabaixo e Bruno Pedroso na bateria. São também eles e em boa parte, os grandes responsáveis pela agradável surpresa que foi este “Crude”; pela competância dos arranjos, pelo papel central e rítmico da guitarra, pela expressividade de todo o acompanhamento.
“Crude” é a estreia auspiciosa de uma vozes mais belas do jazz nacional, Joana Machado, assim só…

Ouvir alguns excertos de “Crude“.