“Ilogik Plastik”, poderia ser uma pergunta, mas faz sentido?
Não tinha de escrever sobre Pop Dell’Arte; não sei se não tinha ou se não me apetecia, mas foi mais forte, siga “Avanti Marinaio”. Não tinha – pensava eu – porque entendia que cada vez que se repete uma qualquer linha de texto sobre o projecto de João Peste e seus amigos neste blogue, o espectro da repetição paira no ar – repetidos “Sonhos Pop”. Pois paira e é merecido “Mr.Tyler”. Não tinha – pois não – o facto é que quase ao mesmo tempo, desperta aquela vontade de simplesmente existir, deixar registo, quanto mais não seja um olhar simples, pessoal, muito pessoal e instransmissível. É uma sensação estranha, muito especial para uma geração…geração “Free Pop”. Voilá.
Há muito que 1985 lá vai…com Ondina Pires, Sapo, Paulo salgado, JP Simões ou Rafael Toral no alinhamento, os Pop Dell’Arte serão sempre, indiscutivelmente, uma das bandas mais importantes da história da música moderna portuguesa – dêem mais uma dúzia de concertos ou acabem já amanhã; a par de Mão Morta, Mler ife Dada e Sétima Legião, entre outros, os Pop Dell’Arte marcaram uma época de reconversão da estética musical lusitana, pop, rock, com adaptações, recriações, apontando frontalmente a direcção para uma certa modernidade musical em Portugal. Haverá outras certamente, mas a banda de João Pesta tem, indubitavelmente, o seu lugar na história…”No Way Back”.
À sombra de discos magníficos como “Free Pop” (Ama Romanta/1987) ou “Sex Symbol” (Polygram/1995), “Poplastik 1985-2005” é como que uma réstia da alma que ilumina – ou pode iluminar – o futuro do agrupamento lisboeta. A réstia que ilumina a incerteza. Num disco a comemorar 20 anos de músicas, com altos e baixos, “Litle Drama Boy”, 17 delas são a prova disso mesmo, desses dias, sobrando como resposta à incerteza três novas pérolas, submetidos ao exame de um público feito de saudade: “(J`ai oublié ) All my Life ”, “Stranger than Summertime ” e “No Way Back” não desiludem, mas também não excitam por aí além. Sim, ouvir Pop Dell’Arte é recriar a cada momento sensações de excitação, diferentes, diabólicas, mágicas. Estas não envergonham, não escondem a versatilidade, criatividade, a loucura de Pop dell’Arte, apenas surgem mais contidas, aqui e ali mais normalizadas, como que prontas a auscultar a medo: Mas, ainda valerá a pena? Vale sempre “Janis Pearl”.
Mas o que fica então? Uma grande compilação da melhor arte pop lusitana, feita de cambalhotas, distorções circenses, energia superior, ora luminosa, ora negra, tristezas, risos, choros, apenas a afirmação de que “O Amor É…Um Gajo Estranho!” e que nesse mundo, poderiam ainda estar pedaços dessa pop sublime como “Bladin”, “Juramento sem Bandeira” ou “Maio 86”, 88, 89…
Os Pop Dell’Arte são hoje João Peste, Zé Pedro Moura, Luís San-Payo, Paulo Monteiro e Tiago Miranda.
Recomendam-se, “So Goodnight”.

Para quem nunca ouviu, comece por AQUI, clique no anjinho do meio e depois em ‘discografia’. Clicando em cima dos discos podem ser ouvidas algumas amostras.


“Poplastik 1985-2005” – Pop Dell’Arte (2006/Different Star)

01 Querelle
02 Sonhos Pop
03 (J’ai Oublié) All My Life
04 Stranger Than Summertime
05 My Funny Ana Lana
06 Illogik Plastik
07 Janis Pearl
08 Rio Line
09 Avanti Marinaio
10 Turin Welisa Strada
11 Sprung Aus Den Wolken
12 Mrs. Tyler
13 No Way Back
14 O Amor É…Um Gajo Estranho!
15 Esborre
16 2002 (Neu Erotik Mix)
17 Little Drama Boy
18 Poema Para Noiva Circular Em Betão Armado Plástico Cor-de-Rosa Com Rádio Digital Programado Em FM
19 Poppa Mundi
20 So Goodnigh

Pop
www.popdellarte.net

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.