Ontem, em Beja, dizia alguém ao meu lado: “foi dos mais parados que já vi…“, pois…mais ou menos.
Ontem, na Ovibeja 2006 pudemos assistir a um grande concerto dos Blasted Mechanism, não tanto pelo gigantismo da perfomance mas antes pelas mais de 2 horas em que o sexteto super-rodado se manteve estoicamente em cima do palco – como é seu timbre. A máquina está bem oleada, mesmo muito bem oleado – não fora as habituais e difíceis condições técnicas do local e musicalmente seria perfeito. Voltando ao início e para quem se habituou a ver concertos de Blasted Mechanism em festivais, de uma, uma hora e meia, naturalmente o de ontem foi um pouco mais parado – também não há coração que aguente – ainda que nem por isso menos empolgante nos habituais momentos. Quais momentos? Ontem e quase sempre foram três: “I Believe”, perdido lá mais para o meio do alinhamento, o intenso “The Atom Bride”, quase no fim e claro, “Karkov”, ontem a fechar o habitual epílogo – outras vezes chamamos-lhe encore. Entre estes, o espectáculo foi-se mantendo num ritmo de absoluta segurança, com o sexteto a debitar o seu já longo reportório world-tecno de uma forma vigorosa e profissional – como lhes é justamente reconhecido. Pena foi que entre o público alguma frieza se fosse instalando, só despertada a passos e prepositadamente por Karkov. Para além do início animador com “Blasted Empire” e “Manipulation” do último álbum “Avatara”, bons momentos com o histórico e ontem recauchutado “Swinging with the Monkeys”, “Oh Landou”, “Are You Ready” e “Sun Goes Down”.
Sem transes e a espiritualidade superior habitual, foi um concerto ganho. Os homens voltariam para repetir “Blasted Empire”.

www.ovibeja.com
www.blastedmechanism.com

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.