E pronto, para terminar a rubrica “No Verão com…”, temos Murdering Tripping Blues; “Share the Fire” (Raging Planet, 2010) parece-nos um bom motivo. As respostas foram dadas por Henry Leone Johnson (voz e guitarra).

Porquê e como nasceu o nome da banda?
Teve um parto natural, pouco sofrido. Numa tarde solarenga bem regada um grupo de amigos cuspia nomes para o ar e de entre vários surgiu Murdering Tripping Blues. O nome causou-nos alguma estranheza mas rapidamente nos apercebemos que definia bem aquilo que pretendíamos da banda. Apontava os vários elementos criativos, respondia eficazmente e de forma imediata à típica pergunta – Como definem o vosso som? Na altura havia apenas uma demo caseira feita por mim e pelo nosso amigo Nuno Nunes e nem a Mallory nem o Johnny faziam ainda parte da banda. Isto foi em 2005, entretanto o Nuno seguiu o seu caminho e eu estive a viver fora de Portugal e essa demo esteve guardada até final de 2006 altura em que regressei e recrutei o Johnny para a bateria e a Mallory, inicialmente como VJ e pouco depois assumindo os teclados.

O que move os Murdering Tripping Blues?
A vontade de criar algo descomprometido, sem grandes regras, algo que fundamentalmente nos dê prazer e nos purifique.

Um adjectivo que vos caracterize como banda?
Impulsiva.

Numa frase apenas, como caracterizam o vosso último disco, Share The Fire?
Filho sónico de uma relação carnal intensamente vivida, crua e com fome de experimentar.

Se tivessem de escolher a faixa que melhor encarna o ‘espírito’ dos Murdering Tripping Blues, qual escolheriam? E porquê?
Isso é sempre uma pergunta complicada de responder visto que a escolha é influenciada pelo momento e o “espírito” é algo mutante mas uma boa apresentação ao universo da banda seria o single “Come into my waters” visto fazer a transição entre o álbum anterior, Knocking at the backdoor music, e o Share the fire.

Apontem duas razões para ouvir – quiçá comprar – o vosso disco Share The Fire?
Boa música sem ornatos nem maquilhagem que falsificam e poluem as canções, uma excelente escolha para quem está farto de ouvir musica a metro, segura e estéril. Para além disso a edição física do disco é por si só um objecto valioso e uma manifestação visual do seu conteúdo. Uma cópula entre som e grafismo.

Querem propor um disco da música portuguesa que vos tenha agradado nos últimos tempos? – o vosso não vale!
Felizmente a música portuguesa nos últimos tempos tem sido fértil em bons projectos e bons discos, também tem sido fértil em poetas e músicos de qualidade muito duvidosa que acham que copiar o Indie-Rock Anglo-saxónico, rimar monte com fonte e tentar encaixar as palavras “colégio” ou “igreja” em cada canção é algo genial e é boa música portuguesa. Há muito por onde escolher no que toca a bons discos portugueses (quando digo portugueses em nada quero dizer que são cantados em português, podem ser ou não), é difícil escolher um mas vou apontar um disco muito bom que não me pareceu ter tido a atenção que merecia que é o “If you missed the last train”, o último disco dos Bunnyranch.

Para os Murdering Tripping Blues a Internet é…
Uma ferramenta de trabalho útil e potencialmente fértil.

Há quem insista que o rock morreu. Morreu ou não?
Há quem insista nisso por razões económicas, por razões ideológicas ou apenas para chamar a atenção mas a verdade é que quando se começa a insistir num determinado assunto isso significa que não há grande fundamento no mesmo e por isso existe a necessidade de bombardear essa ideia quase como se uma falsa ideia dita insistentemente se transforme em verdade. O rock nunca morreu nem nunca morrerá, até porque o rock é um estilo que contém uma infinidade de sub-estilos, a visibilidade e o potencial comercial que ele tem é que vai mudando ao longo dos tempos.

Como vai ser o resto do Verão para os Murdering Tripping Blues?
A desfrutá-lo e a deixar o próximo disco surgir descomprometidamente como temos feito até agora. Mas este ano, com um maior número de resultados visíveis no próximo ano, será bastante fértil para a banda tanto a nível criativo como ao nível de internacionalização.

Ouvir Murdering Tripping Blues

foto de Murdering Tripping Blues

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www.myspace.com/ragingplanetrecordsportugal

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.