Enquanto passa quase escondido na RTP1 o fabuloso e inesquecível espectáculo gravado ao vivo por José Afonso em 29 de Janeiro de 1983 no Coliseu dos Recreios, busco apressado pela Internet um sonzinho que quase sem querer – é sempre quase sem querer – me apareceu hoje e me fez recordar uma belíssima música de Abril, que criança ouvi cantar e tentei cantar vezes sem fim; clássico do pós-25 de Abril, “Somos Livres” (Uma Gaivota Voava, Voava) de Ermelinda Duarte. Belo.
Infelizmente, não consegui encontrar senão um miserável extracto, pior que mau…mas não, afinal a esperança existe, o homem sonha, a obra renasce…procurem a canção no topo do Radio.Blog, mesmo aqui ao lado…
Somos Livres (Uma Gaivota Voava, Voava)
Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
“quando for grande
não vou combater”.
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.
Letra e Música de Ermelinda Duarte
ACTUALIZADO