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Skypho e “Same Old Sin”

Rui DinisRui Dinis

É surpreendente; a cada canção um novo ar de espanto.

“Same Old Sin” confirma em toda a linha o que há muito já sabíamos, aliás, o anterior “Nowhere Neverland”  (Edição de Autor, 2007) já enveredava por essa linha. E essa linha tem um nome muito simples: conceito. Os Skypho trazem atrás de si um acentuadíssimo conceito de fusão, uma mistura quase sem regras nem limites de géneros a que apenas o bom gosto põe algum travão. E se à distância esse bom gosto nos pode facilmente parecer duvidoso, mais perto, ao ouvir o mais recente disco dos Skypho, tudo se transforma. Tudo.

A múltipla personalidade dos Skypho.

O que dizer de um disco que viaja do rock alternativo ao death-metal num piscar de olho? do hip-hop ao metal enquanto o diabo esfrega o mesmo olho? ou da pop à world music sem esquecer algumas pitadas de grunge e rock progressivo?

É a esquizofrenia total. Mas não falamos de temas que se diferenciam entre si pelo género, nada disso, falamos de canções que se transmutam internamente naqueles escassos minutos de duração, assumindo várias feições e vários ritmos. É aí que está parte do segredo dos Skypho; a forma como conseguem manter a coerência interna do disco percorrendo tantas e diferentes estéticas. A música de peso continua ainda assim a ser o factor de equilíbrio, bem defendida por uma experiência e capacidade técnica cada vez maiores. E esta é a outra parte do segredo.

Depois, a forma de expressão.

Nem aqui o grupo de Albergaria-a-Velha se deixa intimidar, e “A Última Caminhada”  e “Nowhere Neverland” são bem a prova disso. O facto é que o grupo de Carlos Tavares (voz e guitarra), Zé Manel (guitarra e coros), Hugo Sousa (guitarra), Ricardo Fontoura (bateria), Hugo Oliveira (percussão) e Ricardo Aguiar (baixo), não se deixa aprisionar pelas palavras de Shakespeare. Sendo essa a sua forma privilegiada de expressão, é vê-los correrem o risco de enveredar igualmente pelas palavras de Camões. Risco assumido e vencido.

É estranho; é estranhamente belo este “Same Old Sin”.

Skypho – “Same Old Sin” (Edição de Autor, 2011) | ROCK | METAL | Ouvir Skypho
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Rui Dinis
Author

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.