Joana Rios tem novo disco. O álbum vai estar à venda no dia 24 de Junho e na véspera, dia 23, há a apresentação do disco no Museu do Fado, às 19h00. Eis o respectivo faixa faixa, pela própria:
1- Do fado até mim – Fado Menor Versículo – Música: Alfredo Marceneiro/ Letra: Carlos Heitor da Fonseca
Este fado que decidi que fosse o fado de abertura do disco foi o último a ser gravado e tem um significado muito grande, já que é um dos fados mais desafiantes para todos os fadistas do ponto de vista da interpretação; foi composto por aquele que ainda hoje é uma referência maior do fado – Alfredo Marceneiro – e a letra original é um espelho da minha história como fadista.
2- Se tu fosses Lisboa – Fado Varela – Música: Reinaldo Varela/ Letra: José Luís Gordo
Este fado que é uma das bandeiras do disco e que é um dos meus fados tradicionais favoritos, ganhou uma nova dimensão quando decidi acelerar um pouco o seu tempo e colocar-lhe uma letra belíssima do grande poeta José Luís Gordo. É um fado que nos fala de Lisboa, dos seus ícones, do amor pela cidade e pelos poetas.
3- À janela do meu peito – Fado canção – Música e letra: Alberto Janes
Este belíssimo fado-canção gravado por Amália Rodrigues lembra-me sempre a minha infância e os tempos em que vivi no bairro de Santos em Lisboa.
4- Triste sina – Fado canção – Música: Nóbrega e Sousa/ Letra: Jerónimo Bragança
Triste sina é um fado-canção que me cativou sempre pela belíssima melodia e pela letra que nos projecta para um ambiente de sonhos perdidos e de uma tristeza profunda.
5- Lisboa, eterna menina – Música: Carlos Heitor da Fonseca / Letra: Carlos Conde
Esta marcha tem uma história interessante: o neto do Carlos Conde, Vítor Conde, ouviu-me a cantar e sugeriu enviar algumas letras inéditas do seu avô; “Lisboa, eterna menina” foi uma dessas letras, que, segundo o próprio Vítor Conde, teria tido uma música composta para ela mas que esta se teria perdido no tempo. Desafiei o Carlos Heitor da Fonseca a compor uma música original para esta letra tão típica e passado dois dias, tinha esta belíssima marcha na minha caixa de e-mail.
6- Fado da vida airada – Música e letra: Carlos Heitor da Fonseca
Este fado original é o primeiro single do disco e foi uma espécie de amor à primeira audição. Um dia o Carlos Heitor da Fonseca mostrou-mo e eu imaginei-me de imediato a cantá-lo. Este é um fado que nos fala do momento actual da cidade de Lisboa e do Fado e de como ambos se abriram para o mundo.
7- Não era um tempo de fado – Fado Menor do Porto – Música: João Black/ Letra: José Luís Gordo
O “Menor do Porto” é um dos primeiros fados que cantei e que me cativou desde sempre pela sua melodia enigmática, tal como esta letra do José Luís Gordo que para mim representa o tempo que o fado esteve ausente da minha vida.
8- Passos na rua – Fado Magala – Música: Raul Portela / Letra: Manuel Fernandes
“Passos na rua” é um poema que Fernando Maurício gravou noutro fado tradicional – José António de Quadras – e que decidi gravar no fado Magala em jeito de homenagem ao grande fadista que tanto me marcou.
9- Onde anda o fado – Fado Latino – Música: Jaime Santos/ João Noronha / Letra: Rosário Alçada Araújo
“Onde anda o fado” é o primeiro de três fados que, por acaso, acabaram por ficar juntos no disco e cujas letras surgiram na sequência de um seminário organizado pelo Museu do Fado no qual participei e onde conheci os autores dos mesmos. Este fado fala-nos de alguém que numa manhã, percorre o bairro da Mouraria à procura dos sinais do fado que aí aconteceu durante a noite.
10- Fado desatino – Música: Carlos Heitor da Fonseca / Letra: João de Bragança
Cantei a letra deste fado durante bastante tempo no fado tradicional “Pedro Rodrigues”, até que o Carlos Heitor da Fonseca ma pediu para tentar compor uma melodia original. Ficámos a perder um Pedro Rodrigues mas ganhámos mais um fado original com uma belíssima letra que nos fala de um coração dividido em dois.
11- No colo da madrugada – Fado da Azenha – Música: Joaquim Brito / Letra: João Barreiros
No colo da madrugada foi uma letra que me cativou assim que a li pela primeira vez e que para mim representa a transformação que vivi a partir do momento em que recomecei a cantar fado de uma forma mais intensa e dedicada e de como essa paixão mudou a minha vida.
12- Encontrei uma guitarra – Música: Carlos Heitor da Fonseca / Letra: Lima Drumond
“Encontrei uma guitarra” é uma perfeita metáfora do meu percurso como fadista e de como o fado esteve hibernado dentro de mim, tal como a guitarra que há muito não era tocada por ninguém e é finalmente resgatada e recuperada e volta a tocar. Esta letra foi gravada originalmente por Deolinda Rodrigues no Fado Tamanquinhas.
13- Fado de cada um – Fado canção – Música: Frederico de Freitas/ Letra: Silva Tavares
“Fado de cada um” fala do fado enquanto destino individual e colectivo e de como este se cumpre de uma forma ou de outra. É a minha forma de agradecimento e homenagem ao mestre António Parreira que foi quem me incentivou a cantar fado e que me disse que teria de cantar este fado e que depois de o cantar para ele me disse que nunca mais deveria deixar de cantá-lo. Curiosamente, este fado tão cantado por Amália Rodrigues nos seus concertos, acabou por nunca ser gravado em estúdio pela diva e a única gravação conhecida é a que foi gravada no filme “Fado, história de uma cantadeira”.