1. Numa frase apenas – ou duas – como caracterizas conceptualmente o álbum “Ágio”?
Isso implicaria ter partido de um conceito, o que não é o caso. A realidade presente oferece contexto ao título, que oferece contexto às canções, as quais são porções de tempo real para quem as ouve.
Posto isto considero-o particularmente lisboeta.
2. “Ágio” é um disco de ‘viragem’ ou um disco de ‘continuidade’, em relação ao teu anterior registo? Que principais diferenças encontras?
Continuidade. Mas com silêncios mais prolongados e invadidos por ritmos. Quando os ritmos contêm espaço eu considero-os parte integral do silêncio. As palavras talvez sejam mais incisivas desta vez, e a sua interpretação mais subtil.
Quis que o estúdio se fizesse sentir mais desta vez, como uma evocação de espaço e luz artificial. Gosto de acreditar que o que faço poderia já existir há muito tempo, até porque podia. No caso deste disco, o foco talvez esteja mais centrado na segunda metade do Séc. XX.
3. Este foi um disco feito a pensar no público que te ouve? Que expectativas tens em relação à sua aceitação?
Não tenho uma noção determinada acerca do público que me ouve. Penso que quem se interessar pelo que faço está disponível para abordagens do género mais diverso. Não tenho qualquer fidelidade a um tipo de som específico. Também não gosto de deixar que o que faço seja regido por estereótipos.
Quanto à sua aceitação, não me considero em posição de poder ter qualquer expectativa.
4. Que sensações esperas que as pessoas retirem da audição do novo disco?
Gostaria que o disco proporcionasse um enorme prazer a quem o escuta.
5. Se tivesses que escolher a faixa que melhor encarna o espírito do novo disco, qual escolherias? Porquê, mais sucintamente?
O espírito é composto pelo todo. Se, a título pessoal, optar por uma talvez Citrus. Mas não sei explicar o porquê.
6. O que podem esperar as pessoas que te forem ver ao vivo?
O mais provável, praticamente certo, é não haver concertos de todo. Não tenho qualquer máquina por detrás e, só por mim, não tenho a possibilidade de reunir as condições necessárias, que até nem são muitas. Se estas existissem, as pessoas poderiam esperar um espectáculo muito cuidado em termos de luz, mise-en-scéne e som. Com muito pouca margem para improvisação.
7. Como vai ser o futuro próximo de Bernardo Devlin?
Incerto. Tenho um próximo álbum, Croma Key, que gostaria de editar ainda este ano. Isso vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, porque a coisa já está muito avançada. E já estava bem antes de o Ágio sair. A partir daí, apesar de ter vários projectos, não sei. São muitas as questões que se levantam, e estas passam pela possibilidade de poder investir ou não nesses projectos. Se as coisas permanecerem como estão talvez até me prefira concentrar em qualquer outra coisa. Talvez noutro lugar…
“Ágio” – Bernardo Devlin (Sinal 26, NAU, 2008)
Alternativo/Experimental
myspace.com/bernardodevlin
é um discão…