Os Plasma são um projecto musical pop de cariz electrónico. E há também uma voz, a voz.
É verdade que aguardava com alguma ansiedade a oportunidade de poder ouvir “Até estalar o verniz”. Já ouvi, voltei ouvir e ouvi outra vez e mais outra. Não podendo afirmar de modo algum que me desagradou, muito pelo contrário, há algo comum nos 4 temas deste EP (prémio do 8º Festival de Música Moderna de Corroios) que me deixou confuso, algo agitado, até indeciso.
A voz, aquela voz, factor altamente desequilibrador do som dos Plasma, quer para um lado quer para o outro. A atitude dos Plasma, se por um lado tem na sua música um elemento estabilizador, tem na voz, algo que os desequilibra e nos desequilibra, ainda que nem sempre de uma forma negativa.
É estranho, mas a voz dos Plasma surge-me ao mesmo tempo como factor impulsionador de alguma da criatividade das interpretações do grupo, como me aparece por vezes como factor motivador de alguma desarmonia. São os gritos, nota-se o esforço, sente-se que as melodias mereciam uma vocalização mais estável, clara, límpida, não tão ondulante e gritada.
Sendo algo contraditório, este disco não deixa de ter uma vocalização interessante, se é verdade que às vezes merecia outro cuidado, é igualmente ela que confere alguma diferenciação à música dos Plasma. A música, essa, é simples, melodiosa e agradável ao ouvido. Acima de tudo espera-se um pouco mais para o futuro.


“Até estalar o verniz” – Plasma (2004/J.F.Corroios)

01 hoje
02 esperar por ti
03 essência do dever
04 o renúncio da sereia

Sítio:www.plasma.web.pt

By Rui Dinis

Rui Dinis é um pai 'alentejano' nascido em Lisboa no ano de 1970, dedicado intermitentemente desde Janeiro de 2004 à divulgação da música e dos músicos portugueses.